17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Organização dos Po<strong>de</strong>res e do Ministério Público 5 7 7<br />

excepcional (Min. Djaci Falcão, R T J 112/518-522) configura instrumento <strong>de</strong><br />

extração <strong>constitucional</strong>, não obstante a origem pretoriana <strong>de</strong> sua criação (RTJ<br />

112/504), <strong>de</strong>stinado a viabilizar, na concretização <strong>de</strong> sua dupla função <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

político-jurídica, a preservação da competência e a garantia da autorida<strong>de</strong> das<br />

<strong>de</strong>cisões do Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral (CF, art. 102,1, 1) -” 1<br />

4.3 D e scu m p rlm e n to <strong>de</strong> p re c e ito c o n stitu cio n a l fu n d a m e n ta l<br />

A Constituição Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>termina que a arguição <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento <strong>de</strong> preceito<br />

fundamental <strong>de</strong>corrente da Constituição será apreciada pelo Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral,<br />

na forma da lei.12<br />

A Lei na 9.882, <strong>de</strong> 3 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1999, disciplinou o processo e julgamento da<br />

arguição <strong>de</strong> <strong>de</strong>scumprimento <strong>de</strong> preceito fundamental, dando-lhe contornos absolutamente<br />

semelhantes às ações diretas <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>, razão pela qual esse tema<br />

será analisado no Capítulo 12, referente a Controle <strong>de</strong> Constitucionalida<strong>de</strong>.<br />

4.4 P rin c íp io do Ju iz na tu ra l e ta x a tlvld a d e d a s p revisões co n stitu cio n a is d e p re r­<br />

ro g a tiva s d e foro - In co n stitu c io n a lid a d e da Lei n° 1 0 .6 2 8 , d e 2 4 <strong>de</strong> d e zem ­<br />

bro <strong>de</strong> 2 0 0 2 3<br />

A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> taxativida.<strong>de</strong> <strong>constitucional</strong> das competências originárias dos Tribunais<br />

Superiores nasceu com a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> supremacia jurisdicional por meio do controle <strong>de</strong><br />

<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong>,4 ambas sendo firmadas no célebre caso Marbury v. Madison (1 Cranch<br />

137 - 1803), em histórica <strong>de</strong>cisão da Suprema Corte americana, relatada por seu Chief<br />

Justice John Marshall, que envolvia não só conflitos jurídicos, mas também políticos, pois<br />

1 Reclamação n° 511-9-Paraíba, D J U , <strong>de</strong> 24 out. 1994, p. 28.668.<br />

2 CF, art. 102, § I o com redação dada pela Emenda Constitucional n° 3 ,1 7 mar. 1993.<br />

3 O STF, por maioria, <strong>de</strong>clarou in<strong>constitucional</strong> a Lei n° 10.628/02 (STF - Pleno - Adin nQ2797/DF e Adin nQ<br />

2860/DF,Rei. Min. Sepúlveda Pertence, <strong>de</strong>cisão: 15-9-2005- I n f o r m a t i v o S T F na 401,p. 1). O ministro-relator,<br />

Sepúlveda Pertence, <strong>de</strong>clarou in<strong>constitucional</strong> o § I o do art. 84 do CPP, “por consi<strong>de</strong>rar que o mesmo, além <strong>de</strong><br />

ter fe ito interpretação autêntica da Carta Magna, o que seria reservado à norm a <strong>de</strong> hierarquia <strong>constitucional</strong>,<br />

teria usurpado a com petência do STF com o guardião da Constituição Fe<strong>de</strong>ral ao inverter a leitura por ele já<br />

feita <strong>de</strong> norma <strong>constitucional</strong>, o que, se adm itido, im plicaria sujeitar a interpretação <strong>constitucional</strong> do STF ao<br />

referendo do legislador ordinário. Declarou, também, a in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> do § 2a do art. 84 do CPP. Disse<br />

que esse parágrafo veiculou duas regras: a que esten<strong>de</strong> a com petência especial por prerrogativa <strong>de</strong> função para<br />

inquérito e ação penais à ação <strong>de</strong> im probida<strong>de</strong> administrativa e a que manda aplicar, em relação à mesma ação<br />

<strong>de</strong> improbida<strong>de</strong>, a previsão do § I a do citado artigo. Esta última regra, segundo o relator, estaria atingida por<br />

arrastamento pela <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> in<strong>constitucional</strong>ida<strong>de</strong> já proferida. E a prim eira im plicaria <strong>de</strong>claração <strong>de</strong> com ­<br />

petência originária não prevista no rol taxativo da Constituição Fe<strong>de</strong>ral. Ressaltou que a ação <strong>de</strong> improbida<strong>de</strong><br />

administrativa é <strong>de</strong> natureza civil, conform e se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> do § 4a do art. 37 da CF e que o STF jamais enten<strong>de</strong>u<br />

ser competente para o conhecimento <strong>de</strong> ações civis, por ato <strong>de</strong> ofício, ajuizadas contra as autorida<strong>de</strong>s para cujo<br />

processo penal o seria” (STF - Pleno - ADI n° 2.797/DF e ADI n° 2860/DF - Rei. Min. Sepúlveda Pertence -,<br />

I n f o r m a t iv o S T F na 362, p. 1).<br />

4 ABRAH AM , H enry J. A Corte Suprema n o evolutivo processo político. In : Vários autores. E n s a io s s o b r e a<br />

C o n s t it u iç ã o d os E s ta d o s U n id o s . Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense Universitária, 1978. p. 93. COOLEY, Thomas. P r in c íp io s<br />

g e ra is d e d ir e ito c o n s t it u c io n a l d o s Estados U n id o s d a A m é r ic a d o N o r t e . 2. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,<br />

1982. p. 142; BAUM, Lawrence. A S u p r e m a C o r t e a m e r ic a n a . Rio <strong>de</strong> Janeiro: Forense Universitária, 1987. p. 132.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!