17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Organização dos Po<strong>de</strong>res e do Ministério Público 6 5 7<br />

A OAB - Or<strong>de</strong>m dos Advogados do Brasil, conforme consagrou o Supremo Tribunal<br />

Fe<strong>de</strong>ral, “é um serviço público in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, categoria ímpar no elenco das personalida<strong>de</strong>s<br />

jurídicas existentes no <strong>direito</strong> brasileiro. A OAB não está incluída na categoria na qual se<br />

inserem essas que se têm referido como ‘autarquias especiais’ para preten<strong>de</strong>r-se afirmar<br />

equivocada in<strong>de</strong>pendência das hoje chamadas ‘agências’. Por não consubstanciar uma entida<strong>de</strong><br />

da Administração Indireta, a OAB não está sujeita a controle da Administração, nem<br />

a qualquer das suas partes está vinculada. Essa não vinculação é formal e materialmente<br />

necessária. A OAB ocupa-se <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s atinentes aos advogados, que exercem função<br />

<strong>constitucional</strong>mente privilegiada, na medida em que são indispensáveis à administração<br />

da Justiça (art. 133 da CB/88). É entida<strong>de</strong> cuja finalida<strong>de</strong> é afeita a atribuições, interesses<br />

e seleção <strong>de</strong> advogados. Não há or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> relação ou <strong>de</strong>pendência entre a OAB e qualquer<br />

órgão público. A Or<strong>de</strong>m dos Advogados do Brasil, cujas características são autonomia<br />

e in<strong>de</strong>pendência, não po<strong>de</strong> ser tida como congênere dos <strong>de</strong>mais órgãos <strong>de</strong> fiscalização<br />

profissional. A OAB não está voltada exclusivamente a finalida<strong>de</strong>s corporativas. Possui<br />

finalida<strong>de</strong> institucional”.1<br />

7.2 Imunida<strong>de</strong> do advogado<br />

A inviolabilida<strong>de</strong> d o advogado, por seus atos e manifestações no exercício d a profissão,<br />

não é absoluta, sujeitando-se aos limites legais,12 pois como <strong>de</strong>cidiu o Superior Tribunal<br />

<strong>de</strong> Justiça,<br />

“seria odiosa qualquer interpretação da legislação vigente conducente à conclusão<br />

absurda <strong>de</strong> que o novo Estatuto da OAB teria instituído, em favor da nobre classe<br />

dos advogados, imunida<strong>de</strong> penal ampla e absoluta, nos crimes contra a honra e<br />

até no <strong>de</strong>sacato, imunida<strong>de</strong> essa não conferida ao cidadão brasileiro, às partes<br />

litigantes, nem mesmo aos juizes e promotores. O nobre exercício da advocacia não<br />

se confun<strong>de</strong> com um ato <strong>de</strong> guerra em que todas as armas, por mais <strong>de</strong>sleais que<br />

sejam, possam ser utilizadas”.3<br />

Analisando a referida imunida<strong>de</strong>, o Superior Tribunal <strong>de</strong> Justiça ainda concluiu que<br />

“os advogados prestam importante serviço e contribuição para o bom exercício da<br />

Justiça, sendo natural que, no exercício regular da ativida<strong>de</strong>, o façam, até, com<br />

ardor e veemência. Nunca, porém, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> lado o essencial, que é a <strong>de</strong>fesa<br />

da causa, para uma luta contra o colega adverso, ou contra o representante do<br />

1 S T F - P le n o - A D I n ° 3.026-4/DF - Rei. Min. ErosG rau, Diário da Justiça, Seção I, 29 set. 2006, p. 31.<br />

2 STF - R H C n ° 69.619-8, Rei. Min. Carlos Velloso, Diário da Justiça, Seção I, 20 ago. 1993, p. 16.319; STF<br />

- HC n° 69.085-8/RJ, Rei. Min. Celso <strong>de</strong> Mello, Diário da Justiça, Seção I, 26 mar. 1993, p. 5.003. Inclusive, o<br />

Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral, na Adin n° 1.127-8, R e i Min. Paulo Brossard, suspen<strong>de</strong>u lim inarm ente a eficácia da<br />

expressão ou <strong>de</strong>sacato contida no art. 7a, § 2°, da Lei nü 8.906, <strong>de</strong> 4-7-1994 (Estatuto da O r<strong>de</strong>m dos Advogados<br />

do Brasil), que alargava a abrangência da imunida<strong>de</strong> m aterial dos advogados.<br />

3 STJ- 5aT.; Rec. em HC n° 4.889; ReL M in Assis Toledo; j . 2-10-95; v.u.; ementa - Publicada na AASP, n° 1957,<br />

p. 50-e; STJ - 5a T.; Rec. em HC n° 4.979-MG; Rei. M in. Assis Toledo; j. 25-10-95; v.u.; em enta - Publicado no<br />

AASP, n° 1958, p. 5 3 -e ;S T J -6 aT\irma, HC n° 3.381-7-SP, Rei. Min. Luiz V icen teC ern icch iarojj. 24-4-95, v.u.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!