17.11.2017 Views

alexandre-de-moraes-direito-constitucional-2014

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Organização dos Po<strong>de</strong>res e do Ministério Público 5 0 7<br />

“Todo homem acusado d e u m ato <strong>de</strong>lituoso tem o <strong>direito</strong> d e ser presumido inocente<br />

até que a sua culpabilida<strong>de</strong> tenha sido provada <strong>de</strong> acordo com a lei, em julgamento<br />

público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua<br />

<strong>de</strong>fesa.”<br />

Assim, o <strong>direito</strong> <strong>de</strong> ampla <strong>de</strong>fesa ou a cláusula <strong>constitucional</strong> do dueprocess oflaw exige<br />

a bilateralida<strong>de</strong>, permitindo o contraditório nos procedimentos e vedando que alguém<br />

possa ser con<strong>de</strong>nado sem ser ouvido ou que seja imposta alguma penalida<strong>de</strong> sem que se<br />

consagre ao imputado a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> exercer sua <strong>de</strong>fesa.1Lembremo-nos que, admitida<br />

a acusação pela Câmara, com posterior início do processo no Senado, o Presi<strong>de</strong>nte sofrerá<br />

uma sanção, correspon<strong>de</strong>nte ao afastamento <strong>de</strong> suas funções.<br />

Ora, a <strong>de</strong>núncia oferecida à Câmara dos Deputados, imputando ao Presi<strong>de</strong>nte da<br />

República a prática <strong>de</strong> crime <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>, coloca-o na posição <strong>de</strong> acusado, e, consequentemente,<br />

outorga-lhe o <strong>direito</strong> à ampla <strong>de</strong>fesa, ao contraditório, ao <strong>de</strong>vido processo<br />

legal; po<strong>de</strong>, pois, produzir provas, por meio <strong>de</strong> testemunhas, documentos e perícias.12<br />

Admitida a acusação pela Câmara dos Deputados e iniciado o processo perante o Senado<br />

Fe<strong>de</strong>ral, o Presi<strong>de</strong>nte da República será suspenso <strong>de</strong> suas funções, somente retornando<br />

ao pleno exercício das mesmas, se absolvido for, ou se, <strong>de</strong>corrido o prazo <strong>de</strong> 180 dias, o<br />

julgamento não estiver concluído, quando, então, cessará o afastamento, sem prejuízo do<br />

regular prosseguimento do processo (CF, art. 86, §§ I a e 2e).<br />

O Supremo Tribunal Fe<strong>de</strong>ral corroborou este posicionamento conce<strong>de</strong>ndo liminar<br />

em mandado <strong>de</strong> segurança3 impetrado pelo Presi<strong>de</strong>nte da República para assegurar-lhe<br />

prazo <strong>de</strong> 10 sessões para oferecimento da <strong>de</strong>fesa, com base na aplicação analógica do<br />

art. 217 do Regimento Interno da Câmara dos Deputados que, no caso <strong>de</strong> autorização da<br />

Câmara para o Supremo processar o presi<strong>de</strong>nte por crime comum, lhe confere o referido<br />

prazo. Pela importância jurídica e histórica da <strong>de</strong>cisão, transcrever-se-á a seguir a emenda<br />

relatada pelo ministro Octávio Gallotti:<br />

CONSTITUCIONAL. “IMPEACHMENT”. PROCESSO E JULGAMENTO: SENADO<br />

FEDERAL. ACUSAÇÃO: ADMISSIBILIDADE: CÂMARA DOS DEPUTADOS. DEFE­<br />

SA. PROVAS: INSTÂNCIA ONDE DEVEM SER REQUERIDAS. VOTO SECRETO E<br />

VOTO EM ABERTO. RECEPÇÃO PELA CF/88 DA NORMA INSCRITA NO ART. 23<br />

DA LEI 1.079/50. REVOGAÇÃO DE CRIMES DE RESPONSABILIDADE PELA EC<br />

4/61. REPRISTINAÇÃO EXPRESSA PELA EC N. 6/63. C. F., ART. 5., LV; ART. 51,<br />

I; ART. 5 2 ,1; ART. 86, “CAPUT”, PAR. 1., II, PAR. 2.; EMENDA CONSTITUCIONAL<br />

N. 4, DE 1961; EMENDA CONSTITUCIONAL N. 6, DE 1963. LEI N. 1.079/50, ART.<br />

14, ART. 23.<br />

- “Impeachment” do Presi<strong>de</strong>nte da República: Compete ao Senado Fe<strong>de</strong>ral processar<br />

e julgar o Presi<strong>de</strong>nte da República nos crimes <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> (C. F.,<br />

Art. 5 2 ,1; Art. 86, Par. Ia, II), <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> autorizada, pela Câmara dos Deputados,<br />

por dois terços <strong>de</strong> seus membros, a instauração do processo (C. F., Art. 5 1 ,1), ou<br />

1 RT 221/340; RTJ 83/385; RT 239/255; RJTJSP14/219.<br />

2 TEMER, Michel. Voto secreto ou aberto. Constituição e... Op. cit. p. 43.<br />

3 STF - MS n° 21.564/DF.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!