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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte VI 1003<br />

senhor duque <strong>da</strong>r-se por ofendi<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> tem em sua mão to<strong>do</strong>s os cabe<strong>da</strong>is<br />

com que eles conservam o lustroso de seu esta<strong>do</strong>. Assegure-lhes vossa<br />

excelência o agra<strong>do</strong> e aprovação <strong>do</strong> senhor duque para este casamento que<br />

eu me obrigo a que logo viessem aos pés de vossa excelência a render-lhe as<br />

graças de fazer tão felice sua ventura com casamento tão superior a seu<br />

merecimento, acrescentan<strong>do</strong> tantos resplan<strong>do</strong>res a seu solar e tantos<br />

laurea<strong>do</strong>s troféus a sua família. Porém se os oprime o temor, se os ameaça o<br />

receio, se os acovar<strong>da</strong> o reverente, se os intimi<strong>da</strong> o fatal e finalmente os<br />

dissuade a grandeza de seu príncipe desgosta<strong>do</strong> e ofendi<strong>do</strong>, assombran<strong>do</strong>-os<br />

com o poder, avisan<strong>do</strong>-os com os enojos vingativos que em seu desgosto<br />

consideram, que culpa se pode acriminar a quem falta a culpa ou que pena<br />

pode merecer quem não comete delito?<br />

Considere vossa excelência desapaixona<strong>do</strong> esta razão tão ajusta<strong>da</strong> não<br />

a seu gosto, mas a seu grande juízo; não a seu desejo, mas a sua grandeza;<br />

não a seu amor, mas a sua estimação; e achará que Frederico não é culpa<strong>do</strong><br />

mais que em ser pouco venturoso e que Fenisa vive inocente <strong>do</strong> que a vossa<br />

excelência ou parece desprezo ou julga ingratidão; pois a ser sua igual na<br />

grandeza ou vossa excelência emparelhar com ela na vassalagem com que<br />

nasceu súbdita e não soberana, então pudera a queixa ter lugar, quan<strong>do</strong> não<br />

considerasse a vontade ser tão livre nas eleições, que na<strong>da</strong> <strong>do</strong> poder cria<strong>do</strong><br />

obrigá-la pode. Porém sen<strong>do</strong> hoje seu esta<strong>do</strong> tão inferior ao de vossa<br />

excelência, não é culpa o retirar-se quem no avançar se não livrara <strong>da</strong> censura<br />

de atrevi<strong>da</strong> ou temerária. É a temeri<strong>da</strong>de, como ensina o <strong>do</strong>utor angélico 1069 ,<br />

uma desordena<strong>da</strong> presunção e jactância própria que <strong>da</strong> razão se desvia. E o<br />

padre Santo Agostinho 1070 escreve que ninguém deve presumir o que não pode<br />

alcançar. Pois se Fenisa considerou o impossível, não presumin<strong>do</strong> de si<br />

ousadias, nem confianças para aspirar a ser esposa <strong>do</strong> filho <strong>do</strong> duque seu<br />

senhor, de quem seus pais nasceram vassalos, sem que <strong>da</strong>í resultassem<br />

grandes discómo<strong>do</strong>s e moléstias para ela, para seus pais e ain<strong>da</strong> para vossa<br />

excelência, mais digna parece de louvar em seu discreto retiro <strong>do</strong> que fora<br />

culpável sua arroja<strong>da</strong> confiança.<br />

Thom., 2.2. q. 53. art. 3.<br />

Aug., Contra Manich.

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