17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte VI 1047<br />

Partiu ele com Bernardino, seu secretário, com esta lustrosa cavalaria à<br />

meia-noite de Bolonha, dividin<strong>do</strong> em troços de cinco e oito sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s a cavalaria<br />

que levava, para por onde passava não <strong>da</strong>r motivo aos juízos discursarem<br />

sobre sua jorna<strong>da</strong>, levan<strong>do</strong> juntamente os seus caça<strong>do</strong>res com falcões, açores<br />

e galgos para disfarçar mais seu intento, que ele só de si e de seu secretário<br />

confiava. Chegou já quan<strong>do</strong> se punha o sol a uma légua <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Bolonha,<br />

ao sítio em que o coche e a liteira esperavam. Era o sítio solitário e nele<br />

man<strong>do</strong>u desmontar a cavalaria e descansarem <strong>da</strong> jorna<strong>da</strong>, enquanto os<br />

cavalos pasciam na relva copiosa que as ribeiras <strong>do</strong> cau<strong>da</strong>loso rio produziram,<br />

man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> tirar <strong>da</strong> liteira vários refrescos que repartiu com os sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

liberalmente, para os ter, quan<strong>do</strong> importasse, propícios. Passou a tarde ao<br />

senhorio <strong>da</strong> noite e despediu a seu secretário Bernardino a Bolonha com aviso<br />

a Frederico para lhe relatar em como por man<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong> duque seu pai, ten<strong>do</strong><br />

notícias <strong>do</strong> aperto em que se via, o vinha buscar, para que em <strong>da</strong>n<strong>do</strong> meia-<br />

noite o levar com to<strong>da</strong> sua família à sua quinta de Bom <strong>Porto</strong>, para que <strong>da</strong>í<br />

pudesse, quan<strong>do</strong> o chamasse, assistir a seu serviço, queren<strong>do</strong> o duque como a<br />

seu vassalo livrá-lo <strong>do</strong> evidente perigo em que o via, sen<strong>do</strong> as partes em<br />

Bolonha tão poderosas e Frederico forasteiro, referin<strong>do</strong>-lhe mais as tropas de<br />

valentes sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s que para este efeito Raimun<strong>do</strong> trazia.<br />

Com este aviso de Bernardino ficou Frederico suspenso e sua mulher e<br />

filhos vários nos pareceres, pela brevi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> tempo que lhes ficava para<br />

consultarem a determinação desta mu<strong>da</strong>nça repentina. Instava Bernardino com<br />

muitas razões de conveniência que desta mu<strong>da</strong>nça se lhes seguiam, e por fim<br />

quiseram que Adriano desse seu parecer, como pessoa tão <strong>do</strong>uta, o qual falou<br />

assim:<br />

- A consulta, como ensina Aristóteles 1154 , não deve ser sobre cousas<br />

que são precisamente necessárias, nem sobre as que se julgam impossíveis. O<br />

negócio presente é tão precisamente necessário que mais necessita de<br />

apressa<strong>da</strong> execução que de conselho vagaroso. Bem disse Plutarco 1155 que o<br />

conselho pode ser logo executa<strong>do</strong> no oportuno <strong>da</strong> ocasião, porque talvez o<br />

dilata<strong>do</strong> fica sen<strong>do</strong> nocivo, quan<strong>do</strong>, se fora abrevia<strong>do</strong>, pudera ser proveitoso;<br />

Arist., Rhet. 2.<br />

Plut., De amic. & adulât.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!