17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

724 Padre Mateus Ribeiro<br />

para nos acompanharem. E se estes senhores tem já satisfeita a romaria,<br />

receberei grande favor em que vamos to<strong>do</strong>s de companhia, por não perdermos<br />

o gosto que a to<strong>do</strong>s dela nos resulta.<br />

To<strong>do</strong>s aprovaram e se resolveram no parecer. E partin<strong>do</strong>-se logo<br />

Hortênsio e Polinar<strong>do</strong> para a feira de Recanate, comprou Hortênsio um rico<br />

vesti<strong>do</strong> para si e outro mui decente para Polinar<strong>do</strong> com to<strong>do</strong> o adereço<br />

necessário. E <strong>da</strong>n<strong>do</strong> aos pobres os vesti<strong>do</strong>s que de antes traziam, ca<strong>da</strong> um<br />

ficou vivamente representan<strong>do</strong> o político esta<strong>do</strong> em que de antes se viram.<br />

Chegaram nessa noite ao Loreto <strong>do</strong>us cria<strong>do</strong>s de Hortênsio, que traziam um<br />

cavalo bem adereça<strong>do</strong> para ele voltar <strong>da</strong> romaria, no qual ele não quis ir por<br />

acompanhar a pé aos romeiros. E assim na manhã seguinte, despedin<strong>do</strong>-se<br />

to<strong>do</strong>s <strong>da</strong> milagrosa imagem <strong>da</strong> Senhora <strong>do</strong> Loreto com cordiais sau<strong>da</strong>des que<br />

de sua vista levavam, se partiram em companhia, fazen<strong>do</strong> o gasto Hortênsio<br />

com grande largueza nos hospícios <strong>da</strong> jorna<strong>da</strong>.<br />

Cap. XXII.<br />

Do encontro que Felisberto e Dionísio, seu companheiro, tiveram antes de<br />

chegarem ao sítio <strong>da</strong> sua ermi<strong>da</strong><br />

Discursan<strong>do</strong> os nossos caminhantes sobre a varie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s contínuas<br />

mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, tão propriamente representa<strong>da</strong>s nos passa<strong>do</strong>s sucessos e<br />

em várias histórias <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que repetiam, vieram por suas jorna<strong>da</strong>s<br />

costuma<strong>da</strong>s até à Apulha Capitanata, aonde despedin<strong>do</strong>-se deles os <strong>do</strong>us<br />

companheiros Hortênsio e Polinar<strong>do</strong> para seguirem o caminho direito de<br />

Taranto, com repeti<strong>da</strong>s sau<strong>da</strong>des de sua discreta companhia ficaram Felisberto<br />

e seu companheiro Dionísio sós. E porque com os desejos que tinham de<br />

chegarem já à sua ermi<strong>da</strong>, que poucas milhas distava, não reparavam em<br />

continuarem o caminho de noite por ser o tempo de Verão e calmoso. Cobriu-<br />

se o ar de espessa névoa, que subin<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar veio empavesan<strong>do</strong> a terra; e<br />

fechan<strong>do</strong> a noite escura as portas aos senti<strong>do</strong>s, tu<strong>do</strong> parecia densas trevas,<br />

embargan<strong>do</strong> os passos a quem caminhar intentasse. Era isto bem molesto aos<br />

nossos romeiros por se acharem entre os penhascosos outeiros <strong>do</strong> monte<br />

Apenino e erra<strong>do</strong> o caminho que seguir deviam, porque o tenebroso não

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!