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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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492 Padre Mateus Ribeiro<br />

recebem com semelhantes rigores; picarei a amarra e largarei as velas, que<br />

para comerciar o mun<strong>do</strong> é grande, e não hei-de consentir se agravem estes<br />

senhores que eu trago nesta nau debaixo de minha palavra e segurança.<br />

Os sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s e marinheiros se arrojavam a tomar as armas por seu<br />

capitão e outros a quererem cortar a amarra para se partirem. O que ven<strong>do</strong><br />

Vespasiano lhe disse:<br />

- Não é, senhores, o meu intento nem ofender a senhora Flora, nem a<br />

Reginal<strong>do</strong>, senão assegurar-lhes as vi<strong>da</strong>s <strong>da</strong> vingança <strong>do</strong> conde e <strong>da</strong>r meios<br />

com que se aplaque sua ira, como já em parte tenho feito. E debaixo de minha<br />

palavra os seguro que nenhum <strong>da</strong>no receberão. Sirva-se a senhora Flora de<br />

ser hóspe<strong>da</strong> de Lívia e o senhor Reginal<strong>do</strong> de o ser por uns dias <strong>do</strong> senhor<br />

auditor como entreteni<strong>do</strong>, e não prisioneiro, com protesto que não vin<strong>do</strong> o<br />

conde Manfre<strong>do</strong> nos parti<strong>do</strong>s e condições que eu lhe propuser, o senhor<br />

Reginal<strong>do</strong> seja posto em to<strong>da</strong> sua inteira liber<strong>da</strong>de. Porque meu intento é fazer<br />

pazes e não vinganças, nem de meu cargo é solicitar <strong>da</strong>nos senão atalhos.<br />

Pareceu justo aceitar-se o parti<strong>do</strong>, pois podia ser proveitoso, e sen<strong>do</strong> o<br />

medianeiro pessoa tão autoriza<strong>da</strong> e de tanto valimento na senhoria; e assim<br />

despedin<strong>do</strong>-se Reginal<strong>do</strong> e Flora, com as lágrimas nos olhos, de Raimun<strong>do</strong>,<br />

que com os seus deu mostras de sentir este apartamento, que em perder a<br />

Flora de vista tanto lhe custava, entraram no bargantim, e man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> aviso lhes<br />

viesse o coche em desembarcan<strong>do</strong>, entraram nele os quatro. E vin<strong>do</strong> Lívia à<br />

porta a receber a Flora, que com Vespasiano subia, partiu no coche o auditor<br />

com Reginal<strong>do</strong> a sua casa prisioneiro, mas como em depósito guar<strong>da</strong><strong>do</strong>; que<br />

de qualquer sorte ten<strong>do</strong> a liber<strong>da</strong>de impedi<strong>da</strong>, ficava sen<strong>do</strong> tormento, pois<br />

perdia a companhia <strong>do</strong> que tanto amava, e se via entregue em guar<strong>da</strong> <strong>do</strong> que<br />

podia temer quem os fins ignorava em que isto pararia.<br />

Cap. XVII.<br />

Do que Vespasiano fez neste negócio, até Reginal<strong>do</strong> se embarcar por capitão<br />

para Chipre

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