17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1056 Padre Mateus Ribeiro<br />

Plínio 1170 , não pode estabelecer-se segurança no que fica no alvedrio alheio<br />

duvi<strong>do</strong>so.<br />

Nas adversi<strong>da</strong>des grandes, disse Vegécio 1171 , a fideli<strong>da</strong>de periga,<br />

parecer que foi já de Ovídio 1172 . Já em Roma se acabou a memória de Marco<br />

Atílio Régulo e em Sicília a de Dámon e Pítias, <strong>da</strong> fideli<strong>da</strong>de prodígio e oitava<br />

maravilha <strong>da</strong> amizade, que antepon<strong>do</strong> a fideli<strong>da</strong>de às próprias vi<strong>da</strong>s,<br />

generosos se expuseram à morte. É a liber<strong>da</strong>de grande porção <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, disse<br />

Aristóteles 1173 , e como tal, sen<strong>do</strong> incentivo tão poderoso para demover, não se<br />

devia confiar tão facilmente de quem em Bolonha não tinha situa<strong>do</strong>s juros,<br />

ren<strong>da</strong>s ou possessões que perder. Alcibíades Ateniense estan<strong>do</strong> preso em<br />

Sardis, ci<strong>da</strong>de de Líbia, enganan<strong>do</strong> aos sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s que o guar<strong>da</strong>vam, fugiu <strong>da</strong><br />

prisão em que o tinham. O empera<strong>do</strong>r Justiniano, preso pelo rebela<strong>do</strong> Leôncio<br />

em Chersona, enganan<strong>do</strong> aos sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s que o guar<strong>da</strong>vam, fugiu para Baviera e<br />

tornou segun<strong>da</strong> vez a imperar. O conde Fernão Gonçalves, senhor de Castela,<br />

preso na forte torre de Castro Viejo, aonde por man<strong>da</strong><strong>do</strong> d'el-rei de Navarra D.<br />

Garcia, seu cunha<strong>do</strong>, estava prisioneiro, enganan<strong>do</strong> aos sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s que<br />

cui<strong>da</strong><strong>do</strong>sos lhe assistiam, fugiu <strong>da</strong> torre e se livrou. Pois se Carlos e seu pai<br />

Frederico em sua própria casa e sem guar<strong>da</strong>s estavam, receben<strong>do</strong> visitas ca<strong>da</strong><br />

hora, que admiração pode causar sua fugi<strong>da</strong>, pois não tinham guar<strong>da</strong>s a quem<br />

enganar, nem muros que saltar, mais que a porta aberta para poderem sair?<br />

Fica agora por resolver a questão se vin<strong>do</strong> Raimun<strong>do</strong>, filho <strong>do</strong> duque de<br />

Módena, a buscá-lo com tropas de cavalaria como a vassalos que eram de seu<br />

pai, príncipe e senhor soberano por nascimento, por homenagem e pelas<br />

copiosas ren<strong>da</strong>s que em seu senhorio logram e possuem, ficou ofendi<strong>da</strong> ou<br />

não a autori<strong>da</strong>de <strong>do</strong> senhorio de Bolonha, para que por armas com título de<br />

hostili<strong>da</strong>de manifesta se haja de ir em seu seguimento ao desagravo <strong>da</strong> ofensa<br />

recebi<strong>da</strong>? Porém eu digo que nem a este senhorio fez agravo, nem deu<br />

motivos para se procurar justa satisfação, e seria grande imprudência, sem<br />

causa mui notória e manifesta, o fazer <strong>do</strong> vínculo firme e união amável <strong>da</strong> paz<br />

Plin. Sen., in Frees.<br />

Vegec, Lib. 3.<br />

Ovid., Ep. 16 & 3. De Pont.<br />

Arist., apud Diog., Lib. 7. & Pol. 2.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!