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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte I 121<br />

muito aceito e particular amigo seu se mostrava; porém um ânimo ambicioso e<br />

arrogante qual o <strong>do</strong> conde era nem sabe consentir igual<strong>da</strong>des, quanto mais<br />

sofrer maiorias. Lá disse o príncipe <strong>da</strong> eloquência latina 156 que não havia meio<br />

mais eficaz para romper amizades, por mais íntimas que parecessem, que<br />

presumir ser superior quem conciliou as vontades com parecer igual entre<br />

iguais; disse Quintiliano 157 que não havia competências porquanto ninguém<br />

inveja senão o que lhe falta e nos outros mais lustra; porém somente a<br />

ambição, como cega, que assim lhe chamou a boca de ouro de S. João<br />

Crisóstomo 158 , não se contentan<strong>do</strong> com rejeitar e encontrar maiorias, não sabe<br />

nem pode sofrer igual<strong>da</strong>des.<br />

Era o conde ambicioso com excesso, como mancebo tão ilustre e rico, e<br />

os desejos de livrar Génova sua pátria <strong>do</strong> absoluto poder que o príncipe Dória<br />

nela tinha e juntamente demonstrar-se agradeci<strong>do</strong> a França, de quem esperava<br />

ter o supremo governo <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, e sobre tu<strong>do</strong> afectos de adquirir no mun<strong>do</strong><br />

fama e nome, o persuadirão a empreender a morte <strong>do</strong> príncipe Dória e as<br />

mu<strong>da</strong>nças <strong>do</strong> governo e magistra<strong>do</strong>s de sua pátria; porém, desejos de<br />

imortalizar seu nome, de eternizar sua fama em epitáfios permanentes contra a<br />

duração <strong>do</strong>s tempos, a que empresas não incitaram, a que temeri<strong>da</strong>des não<br />

induziram juvenis pensamentos! Heróstrato não por outra causa (como refere<br />

Estrabão) abrasou aquele famoso templo de Diana em Éfeso, que foi um <strong>da</strong>s<br />

sete maravilhas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, senão para deixar de si memória perdurável. De<br />

Fídias, aquele insigne escultor ateniense, se conta que em aquela admirável<br />

imagem de Minerva que fez, obra mais para ser admira<strong>da</strong> de to<strong>do</strong>s que imita<strong>da</strong><br />

de nenhum artífice pela singular perfeição que continha, ven<strong>do</strong> que não lhe era<br />

permiti<strong>do</strong> gravar nela o nome <strong>do</strong> autor que a fizera, debuxou e retratou com o<br />

ferro no escu<strong>do</strong> <strong>da</strong> deusa seu rosto, tanto ao natural e com tal artificio que não<br />

podia a imagem ser vista sem se conhecer o autor que tão admirável obra<br />

fizera, para que assim ficasse seu nome eterniza<strong>do</strong> nas memórias <strong>da</strong>s gentes.<br />

Cie, in Lai.<br />

Quintil., Declam. 8.<br />

Chrisist., Horn. 28 in Act. Apost.

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