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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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922 Padre Mateus Ribeiro<br />

tão prudentes e efeitos tão felices de seus conselhos que, conhecen<strong>do</strong> de seu<br />

grande talento méritos para ocupar maiores cargos, o deixou ficar na corte em<br />

seu serviço, não permitin<strong>do</strong> que <strong>do</strong> paço saísse, acrescentan<strong>do</strong>-lhe às honras<br />

a maior digni<strong>da</strong>de. Avisou logo Manfre<strong>do</strong> a sua esposa <strong>do</strong> muito que o<br />

empera<strong>do</strong>r o estimava, ocupan<strong>do</strong>-o em seu serviço, e man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> a Módena os<br />

favoráveis privilégios que para seus mora<strong>do</strong>res impetra<strong>do</strong> havia, de que to<strong>do</strong>s<br />

por extremo contentes se mostraram.<br />

Só Eurides nos crepúsculos de alegre e temerosa, que, como disse<br />

Euripides 922 , não há leito acomo<strong>da</strong><strong>do</strong> a descansar quem vive aman<strong>do</strong> e<br />

temen<strong>do</strong>, nem haven<strong>do</strong> alegria tão grande que possa assegurar-se nas bases<br />

de um temor, vivia receosa de sua ventura, ten<strong>do</strong> por suspeitos tantos favores<br />

de seu pai em tão breve tempo a seu esposo dirigi<strong>do</strong>s, que a muita pressa com<br />

que vinham prognosticava neles breve duração ou apressa<strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça.<br />

Julgava que suposto que em seu esposo os merecimentos eram grandes e<br />

dignos de to<strong>do</strong>s os favores, contu<strong>do</strong> na pouqui<strong>da</strong>de <strong>do</strong> tempo eram meninos<br />

em quem não podia mostrar-se agiganta<strong>da</strong> estátua para serem por grandes<br />

conheci<strong>do</strong>s. E suposto que com os avisos de Manfre<strong>do</strong> que ca<strong>da</strong> dia chegavam<br />

procurava divertir seus temores e enganar a seus pesares, respiran<strong>do</strong> nas<br />

esperanças de brevemente tornar a ver a seu esposo, contu<strong>do</strong> mal se<br />

assegura de um infortúnio quem não tem fia<strong>do</strong>res na ventura.<br />

Dilatava Manfre<strong>do</strong> o despedir-se, porque o empera<strong>do</strong>r o não consentia<br />

com negócios importantes em que ca<strong>da</strong> dia o ocupava, de que lhe <strong>da</strong>va tão<br />

venturosa expedição que o empera<strong>do</strong>r não só de seu juízo, mas juntamente <strong>da</strong><br />

felice fortuna que o acompanhava no que emprendia se deliberou a o ter<br />

consigo no paço para servir-se dele nas consultas e matérias <strong>do</strong> governo de<br />

sua monarquia. Pediu-lhe Manfre<strong>do</strong> licença para tornar a sua casa a ver a sua<br />

mulher e filhos, a quem havia já meses que com esta função deixa<strong>do</strong> tinha;<br />

porém Constâncio o persuadiu que convinha a seu serviço que na corte<br />

assistisse, pois confiava dele os acertos de suas empresas, e que man<strong>da</strong>sse<br />

vir sua mulher e filhos de mora<strong>da</strong> para Aquileia, para que na corte vivessem,<br />

aonde lhe acrescentaria maiores honras e ren<strong>da</strong>s; pois, como diz Aristóteles 923<br />

Eurip., in Ion.<br />

Arist., Pol. 5.

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