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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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1050 Padre Mateus Ribeiro<br />

apressa<strong>do</strong>s para a ci<strong>da</strong>de com to<strong>do</strong> o silêncio que a noite, sen<strong>do</strong> escura e já a<br />

horas intempestivas, favorecia, por ser já perto <strong>da</strong> meia-noite; e chegan<strong>do</strong> à<br />

entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, se adiantou com trinta cavalos, deixan<strong>do</strong> os mais a que ali<br />

esperassem seu aviso.<br />

Chegou a casa de Frederico, sen<strong>do</strong> de Frederico recebi<strong>do</strong> como filho <strong>do</strong><br />

duque de Módena, seu senhor, renden<strong>do</strong>-lhe as devi<strong>da</strong>s graças <strong>do</strong> generoso<br />

empenho em que se pusera por livrá-los; e não queren<strong>do</strong> mais dilatar-se, antes<br />

que na ci<strong>da</strong>de algum rui<strong>do</strong>so alvoroço se ouvisse, aju<strong>da</strong>n<strong>do</strong> Raimun<strong>do</strong><br />

pessoalmente e Constantino a Carlos a meter-se na liteira que trazia, por estar<br />

ain<strong>da</strong> mui debilita<strong>do</strong>, e entran<strong>do</strong> no coche Frederico com sua mulher, Fenisa e<br />

seu irmão Constantino, e carregan<strong>do</strong> os cria<strong>do</strong>s as trouxas nas bestas de<br />

serviço que em casa havia e montan<strong>do</strong> Adriano no cavalo de Carlos, à uma<br />

hora depois <strong>da</strong> meia-noite, quan<strong>do</strong> apenas a lua por an<strong>da</strong>r no decrépito <strong>da</strong> luz<br />

aparecia, saíram de Bolonha com tal silêncio que felizmente efectuaram o<br />

retiro, não consentin<strong>do</strong> Raimun<strong>do</strong> que clarim algum se tocasse, por guar<strong>da</strong>r<br />

este respeito ao cardeal governa<strong>do</strong>r que pela Igreja a governava e juntamente<br />

por não ocasionar algum estron<strong>do</strong> com que a perigo se pusesse a empresa<br />

que com tanta sagaci<strong>da</strong>de e valor principia<strong>do</strong> tinha. É a sagaci<strong>da</strong>de nas<br />

empresas meio caminho <strong>da</strong> vitória, disse Aristóteles 1161 ; sen<strong>do</strong>, como ensina<br />

Platão 1162 , a mais solércia na eleição e brevi<strong>da</strong>de <strong>do</strong> tempo. Em tu<strong>do</strong> se<br />

mostrou Raimun<strong>do</strong> prudente para efectuar o que emprendia, na cautela e no<br />

valor, na solércia e no silêncio.<br />

Foram com este caminhan<strong>do</strong> to<strong>da</strong> a noite e parte <strong>da</strong> manhã, e em<br />

chegan<strong>do</strong> à raia em que os senhorios de Bolonha e Módena se dividem, termo<br />

que o rio Panaro com sua corrente corta e juiz árbitro julga com letras de cristal<br />

e com margens de flores, então man<strong>do</strong>u Raimun<strong>do</strong> tocar as trombetas e com a<br />

salva <strong>do</strong>s sonoros clarins festejar o felice desempenho desta jorna<strong>da</strong>, que a ser<br />

de antes senti<strong>da</strong>, pudera ser arrisca<strong>da</strong>. Adiantou-se Bernardino a trazer <strong>do</strong>s<br />

casais circunvizinhos quanto pôde descobrir para <strong>da</strong>r com grandeza de comer<br />

a quantos sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s nesta empresa assistiram, com que to<strong>do</strong>s satisfeitos<br />

ficaram. Pouco se detiveram pelos desejos que Frederico mostrava de chegar<br />

Arist., Pol. 1.<br />

Pillât., De Temp.

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