17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

64 A novela portuguesa no século XVII:<br />

"processo de alegorização temática, que provém <strong>da</strong> procura de um senti<strong>do</strong><br />

espiritual para as narrativas centra<strong>da</strong>s no sentimento amoroso." 113 Acrescenta<br />

ain<strong>da</strong> que, "Sem episódios alegóricos, o Alívio de tristes e consolação de<br />

queixosos alia de forma segura o entretenimento à vali<strong>da</strong>de moral e<br />

exemplar." 114<br />

Apresenta<strong>da</strong>s as diferentes classificações propostas por estes autores<br />

para a novela inaugural de Mateus Ribeiro, parece-nos que a designação mais<br />

apropria<strong>da</strong> para Alívio de tristes será a de "novela exemplar", proposta na<br />

História Crítica <strong>da</strong> Literatura Portuguesa, Vol. Ill - Maneirismo e Barroco, com<br />

base num "critério de natureza funcional: estas obras reivindicam uma função<br />

exemplar, pretendem funcionar como orienta<strong>do</strong>ras de comportamentos a seguir<br />

ou a evitar." 115<br />

A eficácia <strong>do</strong>s ensinamentos aventa<strong>do</strong>s por Mateus Ribeiro no Alívio de<br />

tristes e consolação de queixosos resulta em grande medi<strong>da</strong> <strong>da</strong> conjugação <strong>do</strong><br />

binómio horaciano prodesse ac delectare. Ao investir na honesta recreação<br />

proveniente <strong>da</strong> varie<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s histórias narra<strong>da</strong>s e <strong>do</strong> engenhoso estilo em que<br />

são escritas, o autor pretende tornar a lição que desta novela se pode extrair<br />

ain<strong>da</strong> mais proveitosa: "a consolação para ser bem recebi<strong>da</strong>, há-de incluir<br />

suavi<strong>da</strong>de que divirta e não severi<strong>da</strong>de ou aspereza que magoe." 116 Note-se<br />

113 Sara Manuela Ribeiro Martins AUGUSTO, A Alegoria na Ficção Romanesca: Do Maneirismo<br />

ao Barroco, Viseu, Facul<strong>da</strong>de de Letras <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Católica Portuguesa, 2004, p.418<br />

(Dissertação de Doutoramento policopia<strong>da</strong>).<br />

u * Ibidem, p.433.<br />

115 História Crítica <strong>da</strong> Literatura Portuguesa, dir. Carlos Reis, Lisboa, Ed. Verbo, 2001, Vol. Ill -<br />

Maneirismo e Barroco, p.345.<br />

116 Mateus RIBEIRO, "Prólogo ao leitor", Alivio de tristes e consolação de queixosos, Lisboa, na<br />

Oficina de João <strong>da</strong> Costa, 1672.<br />

Esta insistência no deleite como forma de atingir a utilitas está, de resto, expressa em vários<br />

prólogos <strong>do</strong> autor: "Plínio diz que os livros para serem agradáveis aos Leitores hão-de ser de<br />

assunto em que o áspero se una com o compassivo, o rigoroso com o benévolo e o infelice<br />

com o venturoso." ("Prólogo", Ro<strong>da</strong> <strong>da</strong> Fortuna e Vi<strong>da</strong> de Alexandre e Jacinta, II Parte, Lisboa,<br />

na Oficina de Filipe de Sousa Vilela, 1724); "Infelice e desabri<strong>da</strong>, diz Cícero, é a lição <strong>do</strong>s livros<br />

quan<strong>do</strong> de recreio carece' ("Prólogo ao leitor", Retiro de Cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s e Vi<strong>da</strong> de Carlos e Rosaura,<br />

III Parte, Lisboa, na Oficina de Manuel Lopes Ferreira, 1697); "em sua lição acharás o útil e o

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!