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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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290 Padre Mateus Ribeiro<br />

neles morrer convosco; estais fora <strong>do</strong> senhorio <strong>do</strong> vice-rei, aonde não se<br />

estende o rigor de seus ban<strong>do</strong>s; Itália é grande, tem senhorias soberanas e<br />

príncipes potenta<strong>do</strong>s a quem podeis servir, além de muitos títulos grandes com<br />

quem vos podeis acomo<strong>da</strong>r, partin<strong>do</strong>-vos dividi<strong>do</strong>s em pouco número por não<br />

<strong>da</strong>rdes que notar a quem vos vir caminhar em tropas grandes. O tempo com<br />

seus perío<strong>do</strong>s é o médico melhor de curar os deslustres <strong>da</strong> fama, que como<br />

verdugo universal de to<strong>da</strong>s as coisas, a umas deixa só as ruínas <strong>do</strong> que foram<br />

e a outras rouba a memória <strong>do</strong> que eram. Vossos bons procedimentos de hoje<br />

em diante serão os que <strong>do</strong>urem o escuro de vossas obras passa<strong>da</strong>s; porque<br />

assim como um mau fim deslustra os merecimentos bons que de antes se<br />

adquiriram, assim um fim honroso desterra <strong>da</strong> lembrança to<strong>do</strong>s os deméritos<br />

que de antes se cometeram. Em qualquer parte que eu esteja e me ocupardes,<br />

me haveis sempre achar no que puder servir-vos, certo como amigo e obriga<strong>do</strong><br />

como companheiro.<br />

Dizen<strong>do</strong> isto, Frederico sem esperar resposta os foi abraçan<strong>do</strong> e<br />

repartin<strong>do</strong> com eles os escu<strong>do</strong>s para o caminho que Alexandre lhe havia <strong>da</strong><strong>do</strong>,<br />

com que eles entre suspensos e alegres se foram despedin<strong>do</strong> de quatro em<br />

quatro, seguin<strong>do</strong> ca<strong>da</strong> companhia o caminho que lhe parecia mais conveniente,<br />

fican<strong>do</strong> nós to<strong>do</strong>s admira<strong>do</strong>s de considerar o respeito que lhe tiveram e a<br />

obediência que lhe guar<strong>da</strong>ram; que em gente costuma<strong>da</strong> a tão dissoluta vi<strong>da</strong><br />

não era motivo de pequeno espanto. E porque se avizinhava já a noite,<br />

bor<strong>da</strong>n<strong>do</strong> em basti<strong>do</strong>r de safiras a gala de sombras par<strong>da</strong>s argenta<strong>da</strong> com<br />

matizes de estrelas, e as dúvi<strong>da</strong>s entre a noite e o dia ia dissolven<strong>do</strong> o retiro <strong>do</strong><br />

crepúsculo que venci<strong>do</strong> <strong>da</strong>s sombras se ausentava, foram os nossos<br />

passageiros caminhan<strong>do</strong> para a ci<strong>da</strong>de de Tivoli que vizinha estava,<br />

discursan<strong>do</strong> aonde nos hospe<strong>da</strong>ríamos essa noite para evitar alguns<br />

inconvenientes que seguir-se podiam.<br />

Advertiu-nos um <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>s de Dionísio Montal<strong>do</strong> que connosco ia que<br />

nesta ci<strong>da</strong>de tinha seu senhor um particular amigo que se chamava Octávio<br />

Leonino, pessoa principal, casa<strong>do</strong> com uma senhora ilustre, que nos<br />

hospe<strong>da</strong>ria com boa vontade. Pareceu-nos a comodi<strong>da</strong>de acerta<strong>da</strong>, e assim<br />

entra<strong>da</strong> já a noite chegámos a sua casa, que sumptuosa era, e <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-lhe o<br />

cria<strong>do</strong> reca<strong>do</strong> que estava aí um cunha<strong>do</strong> de Dionísio Montal<strong>do</strong>, seu amigo, com<br />

outros companheiros, nos saiu a receber com grande alegria; que os ricos e

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