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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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296 Padre Mateus Ribeiro<br />

seu odioso exercício usava, que refrear as lágrimas de alegria mal podiam;<br />

porque em uma alegria grande mais dificilmente se moderam os<br />

contentamentos que em uma pena excessiva os sentimentos dela, como disse<br />

Quintiliano 307 e escreve Cassio<strong>do</strong>ro.<br />

Era o pai de Frederico já ancião nos anos e a mãe já de provecta i<strong>da</strong>de,<br />

de boa presença e aprazível conversação, que logo deram ordem a preparar a<br />

ceia e camas, admira<strong>do</strong>s <strong>da</strong> fermosura de Eugenia, que ain<strong>da</strong> se mostrava<br />

pensativa e pouco alegre, não lhe sain<strong>do</strong> <strong>da</strong> memória a antecipa<strong>da</strong> morte de<br />

Felícia; que é poderosa a representação <strong>da</strong> morte para suspender to<strong>da</strong>s as<br />

alegrias e embargar os maiores contentamentos. Depois <strong>da</strong> ceia, que foi<br />

abun<strong>da</strong>nte, deu Frederico notícia a seus pais <strong>da</strong> acerta<strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça de sua<br />

vi<strong>da</strong>, de que se mostraram tão alegres que foi maravilha com o intenso <strong>da</strong><br />

alegria não lhes <strong>da</strong>r assalto a morte. Louvaram-lhe tão prudente conselho e a<br />

nós deram as graças de tão venturoso encontro como motivo de tanto bem. E<br />

com isso, alegres nos recolhemos a descansar o que restava <strong>da</strong> noite.<br />

Cap. XVII.<br />

Em que prossegue o Ermitão o que lhe sucedeu em Roma<br />

Ao outro dia começámos a ver as maravilhas de Roma, sen<strong>do</strong> ela a<br />

oitava maravilha, porque a sumptuosi<strong>da</strong>de de seus templos, as antigui<strong>da</strong>des de<br />

seus edifícios, os palácios magníficos que a a<strong>do</strong>rnam, os pirâmides (a) e<br />

obeliscos que a fermoseiam, a eclesiástica hierarquia que a ilustra e a<br />

diversi<strong>da</strong>de de gente que a habita é tal que como cabeça <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> se lhe<br />

podia chamar a primeira maravilha. Passa<strong>do</strong>s os primeiros dias em admirar sua<br />

grandeza, tratou o capitão com Alexandre preparassem as licenças para poder<br />

receber-se com sua filha Eugenia, o que ele logo procurou com igual desejo,<br />

despedin<strong>do</strong> nós entretanto um cria<strong>do</strong> a Nápoles para nos trazer novas <strong>do</strong> que<br />

dU/ Quintil., Lib. 9.<br />

(a) Embora seja um substantivo feminino, alguns autores <strong>da</strong> época (por exemplo, Rodrigues<br />

Lobo) usam-no como masculino.

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