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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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1058 Padre Mateus Ribeiro<br />

de se aplicarem medicamentos aonde não há chaga, nem <strong>do</strong>r, chamarem os<br />

humores a causarem a chaga e a <strong>do</strong>r que não havia. E quem pode saber com<br />

certeza que essas tropas de cavalos com que Raimun<strong>do</strong> acompanha<strong>do</strong> vinha<br />

tinha servi<strong>do</strong> à caça<strong>da</strong> que fazia, pois a cópia de caça<strong>do</strong>res, aves e sabujos<br />

com que o encontraram, que o seguiam, não condizem com empenhos<br />

arrisca<strong>do</strong>s, nem são idóneos divertimentos para facções heróicas. O trazer<br />

sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s de cavalo que na caça<strong>da</strong> o acompanhassem é autori<strong>da</strong>de <strong>do</strong>s<br />

príncipes, como lemos de Mitri<strong>da</strong>tes, Alexandre, Artaxerxes e outros muitos<br />

potenta<strong>do</strong>s que a caça exercitavam com grandes demonstrações e séquito.<br />

Que correios se tomaram, que avisos ou cartazes se colheram em que<br />

manifestasse que a livrar a Carlos sua vin<strong>da</strong> se dirigia? Só nossa imaginação<br />

há-de ser a prova? Havemos de julgar por fantasias e não por ver<strong>da</strong>des?<br />

Se o vingativo <strong>da</strong> satisfação se costuma no mun<strong>do</strong> honestar com o<br />

odioso <strong>do</strong> insulto cometi<strong>do</strong>, aonde não há insulto que agrave, como pode<br />

honestar-se a satisfação que se procura? Que prova certa se dá à culpa para<br />

ficar a vingança desculpável? Porventura havemos de fazer delitos <strong>do</strong> que o<br />

Direito o não faz? E por uma presunção duvi<strong>do</strong>sa emprender-se uma facção<br />

militar tão arrisca<strong>da</strong>? Assim se quebram as pazes tão antigas com os duques<br />

de Módena firma<strong>da</strong>s? Doce chamou Cícero 1178 ao nome <strong>da</strong> paz, e a paz<br />

desejam, diz Tito Lívio 1179 , ain<strong>da</strong> os que podem ficar vitoriosos na guerra. As<br />

portas de Jano, em Roma, no tempo que estiveram fecha<strong>da</strong>s constituíam os<br />

tempos mais felices. Mas pon<strong>do</strong> à parte to<strong>da</strong>s as conveniências e tratan<strong>do</strong> só<br />

<strong>da</strong>s razões propostas de se sair em seguimento de Carlos e Frederico, não só<br />

me parece o conselho inútil, mas o julgo por mui arrisca<strong>do</strong>. Não pode ser útil<br />

por ser tarde para executar-se, que já a estas horas estarão no senhorio de<br />

Módena seguros, que como em senhorio alheio e livre, não convém entrar com<br />

hostili<strong>da</strong>des, pois as pazes de Bolonha estão em seu antigo vigor, e abrir a<br />

porta a guerras é grande infelici<strong>da</strong>de, como disse Demóstenes 1180 , porque é<br />

dissipação <strong>da</strong>s ren<strong>da</strong>s <strong>da</strong> república, carestia <strong>do</strong>s campos, penúria <strong>do</strong>s<br />

mantimentos, invasão <strong>do</strong>s inimigos, morte <strong>do</strong>s naturais, alojamentos odiosos<br />

Cicer., Phil. 3.<br />

Tit. Li v., Lib. 1. Dec. 1.<br />

Dem., Exarg. lib.

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