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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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792 Padre Mateus Ribeiro<br />

batalha mal feri<strong>do</strong>, o exército derrota<strong>do</strong> e lhe roubaram to<strong>da</strong> a riqueza que <strong>da</strong><br />

Cítia trazia, sen<strong>do</strong> poderosa uma ténue resistência para desluzir seus triunfos e<br />

o despojarem de quanta presa pelas armas tinham adquiri<strong>do</strong>.<br />

São as cousas fáceis de debuxar ao desejo, porém mui diferentes de<br />

conseguir à execução. Viram-me resoluto a defender a Lívia <strong>do</strong> rigor de<br />

Roberto, que só se mostrava deveras interessa<strong>do</strong> na vingança de seu<br />

imagina<strong>do</strong> agravo, e não queriam com tanto risco fazer escolta ao desejo<br />

precipita<strong>do</strong> de seu parente, pois de estar ofendi<strong>do</strong> com certeza não constava.<br />

Ciúmes não são prova de agravos, pois não excedem o foro de receios. São<br />

arroja<strong>do</strong>s no imaginar o que muitas vezes vem a ver<strong>da</strong>de a dissuadir,<br />

mostran<strong>do</strong> que foram ilusões <strong>do</strong> temor e não ofensas <strong>da</strong> desleal<strong>da</strong>de.<br />

Entre os parentes que a Roberto acompanhavam, era um deles Mário<br />

Bentivolhe, pessoa já provecta na i<strong>da</strong>de, discreto e a quem to<strong>do</strong>s respeitavam<br />

pelo estima<strong>do</strong> de seu juízo. Este, desejan<strong>do</strong> <strong>da</strong>r algum meio conveniente entre<br />

minha resolução e a paixão de Roberto, falou assi:<br />

Cap. VIII.<br />

Da prática que Mário teve com Lisar<strong>do</strong> e <strong>da</strong> fugi<strong>da</strong> de Lívia<br />

- Se, como disse Plutarco 692 , o ofício <strong>da</strong> razão é o agradável <strong>da</strong> paz e,<br />

como diz Séneca 693 , o triunfo <strong>da</strong> justiça é a vitória <strong>da</strong> razão, parece-me, senhor<br />

Roberto, que sem o juízo <strong>da</strong>s armas se pode dissolver esta conten<strong>da</strong> em que<br />

vossa mercê e o senhor Lisar<strong>do</strong> empenha<strong>do</strong>s se mostram, porque contra os<br />

ditames <strong>da</strong> razão não é justo que tenha lugar a porfia, sen<strong>do</strong> ambos pessoas<br />

ilustres, e de uma província, e em Bolonha tanto tempo residentes. Não quis o<br />

empera<strong>do</strong>r Septímio Severo triunfar nem de Pescenio Níger, nem de Albino,<br />

haven<strong>do</strong> venci<strong>do</strong> a ambos em arrisca<strong>da</strong>s batalhas, oferecen<strong>do</strong>-lhe o sena<strong>do</strong> o<br />

triunfo, só porque eram ci<strong>da</strong>dãos de Roma, parecen<strong>do</strong>-lhe indecoroso o triunfar<br />

de vitórias em que os romanos tão insignes tinham perdi<strong>da</strong>s as vi<strong>da</strong>s. É esta<br />

questão em que estamos, senhor Lisar<strong>do</strong>, por uma parte honrosa e por outra<br />

Plut., De virt. & vit.

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