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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte V 887<br />

obediências pela vontade cortam. No que repugna mais ao gosto, diz Plínio ,<br />

consiste o crédito de obedecer: são os preceitos <strong>do</strong>s pais os ataques mais<br />

forçosos que se põem ao castelo de uma vontade livre para render-se.<br />

Estava Florisela sujeita ao gosto de Ricar<strong>da</strong>, sua mãe, e de Lisar<strong>do</strong>, seu<br />

irmão que estava em lugar de pai, pois era o morga<strong>do</strong>, e de seus parentes, os<br />

Martelinos, a quem se devia comunicar o seu casamento; e queríeis, Silvério,<br />

que cortan<strong>do</strong> por tão justos respeitos se casasse? Se vos antepusessem outro<br />

de menos merecimentos aos vossos, ain<strong>da</strong> mais justamente tivéreis que sentir;<br />

porém Feliciano Tiberto é mais rico, mais poderoso e mais que to<strong>do</strong>s em<br />

Cesena estima<strong>do</strong>; e assi nem vós perdeis a estimação, nem Florisela o acerto.<br />

Se dizem que o fazem com fim de se perpetuar a paz e união, eles tem justa<br />

causa e vós injusta queixa; porque só a fim de se estabelecer a firmeza de uma<br />

segura paz se continuaram anos repeti<strong>da</strong>s guerras, porque, como diz Cícero 848 ,<br />

o fim que se intenta na guerra há-de ser o viver em paz. Assi o ensina o padre<br />

Santo Agostinho 849 . Não há cousa, diz Platão 850 , mais nociva e odiosa à<br />

república <strong>do</strong> que a guerra civil. Com esta começaram as ruínas <strong>do</strong> romano<br />

império, de Numância e <strong>da</strong>s repúblicas de Itália. É a paz o nome mais suave,<br />

diz Cícero 851 , e é para to<strong>do</strong>s o tempo mais felice, como foi em Roma o de<br />

Numa Pompílio e o de César Augusto. Costume era <strong>do</strong>s sena<strong>do</strong>res e<br />

cavaleiros ricos de Roma terem seus erários guar<strong>da</strong><strong>do</strong>s no templo <strong>da</strong> Paz,<br />

como <strong>da</strong>n<strong>do</strong> a entender que só na paz estavam as riquezas seguras. O signo<br />

<strong>da</strong> Virgem fingiram os poetas que fora filha de Astreu e <strong>da</strong> Aurora e que an<strong>do</strong>u<br />

na terra no século <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> os homens sem ambição de suas<br />

cultiva<strong>da</strong>s terras em paz e união viviam. Porém ven<strong>do</strong> que entrava no mun<strong>do</strong> o<br />

século de ferro, em que com o desejo de <strong>do</strong>minar convertiam as fouces em<br />

espa<strong>da</strong>s para a guerra, não poden<strong>do</strong> sofrer ver bramar o belicoso parche, nem<br />

suar o militar clarim, se tornara para o Céu e fizera mora<strong>da</strong> em as estrelas.<br />

Plin. Jun., in Paneg.<br />

Cie, 1. De offic.<br />

S. Aug., Ad Bon.<br />

Plat., De republ.<br />

Cicero, Phil. 3.

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