17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Cap. I.<br />

Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte III 379<br />

ALIVIO DE TRISTES<br />

E<br />

CONSOLAÇÃO DE QUEIXOSOS<br />

III. PARTE<br />

Da jorna<strong>da</strong> que Dionísio e Felisberto fizeram à casa de Nossa Senhora <strong>do</strong><br />

Loreto<br />

Mal feri<strong>do</strong> <strong>do</strong>s enganos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, se bem cura<strong>do</strong> com a vista <strong>da</strong>s<br />

mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e pouca firmeza de suas fugitivas esperanças, divertia o<br />

Peregrino Dionísio seus repeti<strong>do</strong>s sentimentos na companhia <strong>do</strong> Ermitão<br />

Felisberto, mais alivia<strong>do</strong> <strong>da</strong> pena e consola<strong>do</strong> nas queixas de seus passa<strong>do</strong>s<br />

sentimentos, sem já o inquietarem nem desejos vingativos <strong>do</strong> agravo, nem<br />

memórias importunas <strong>da</strong> ofensa <strong>da</strong> mal guar<strong>da</strong><strong>da</strong> fé de sua malogra<strong>da</strong> esposa<br />

Teo<strong>do</strong>ra; porque enfim tu<strong>do</strong> o que encobre a terra vem a riscar-se <strong>da</strong> memória,<br />

<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-lhe princípio a vi<strong>da</strong> para sentir-se e a morte fim para esquecer-se, como<br />

diz Cícero. Com a mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> também as lembranças se mu<strong>da</strong>m:<br />

esquece-se o navegante <strong>da</strong>s tormentas quan<strong>do</strong> se vê na bonança, o preso <strong>da</strong>s<br />

cadeias, o cativo <strong>da</strong>s masmorras ven<strong>do</strong>-se na liber<strong>da</strong>de, o sol<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong>s riscos<br />

<strong>da</strong>s batalhas e <strong>do</strong>s discómo<strong>do</strong>s nas guerras sofri<strong>do</strong>s quan<strong>do</strong> descansa na paz,<br />

o aflito <strong>da</strong>s tristezas padeci<strong>da</strong>s quan<strong>do</strong> depois logra as alegrias; que porventura

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!