17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte VI 1023<br />

<strong>do</strong>mésticos de casa. E em faltan<strong>do</strong> nesta igual<strong>da</strong>de quem a justiça administra,<br />

to<strong>da</strong>s as queixas são justas. Transformou-se o que governa em pessoa<br />

pública, diz S. Gregório 1101 , e deixa de parecer a pessoa particular que de<br />

antes era para se mostrar a to<strong>do</strong>s comum, suspenden<strong>do</strong> o mostrar-se parente<br />

quem se há-de mostrar juiz. São os queixosos tão poderosos que ain<strong>da</strong> que o<br />

cardeal governa<strong>do</strong>r quisera favorecer ao senhor Carlos, nunca poderá obrar o<br />

que deseja; porque como as respúblicas, como escreve Santo Agostinho 1102 ,<br />

com a justiça se conservam e sustentam, parecer que já tinha insinua<strong>do</strong><br />

Aristóteles 1103 , atribuin<strong>do</strong> a conservação política <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des à igual<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

justiça em quem as governa, mal poderá o cardeal governa<strong>do</strong>r no crime <strong>da</strong><br />

morte de pessoa tão aparenta<strong>da</strong> suspender a execução <strong>da</strong> justiça, haven<strong>do</strong><br />

tantos que com instâncias lhe peçam a execução.<br />

Nem a vossa mercê, senhor Frederico, nem ao senhor Carlos convém o<br />

entrarem na prisão. A ele nunca pelo risco que corre sua vi<strong>da</strong>, nem a vossa<br />

mercê pelo dilata<strong>do</strong> tempo com que nela estaria com grande detrimento desta<br />

casa e de tão ilustre família, arrisca<strong>da</strong> às invasões e insolências de tantos<br />

contrários ricos, aparenta<strong>do</strong>s e poderosos. Vossa mercê é em Bolonha<br />

forasteiro: nela não tem ren<strong>da</strong>s, nem juros, nem quintas que hajam de<br />

sequestrar-se, pois tu<strong>do</strong> está sito no duca<strong>do</strong> de Módena. Suposto isto, que há-<br />

de esperar em Bolonha? Não aumentos de esta<strong>do</strong>, pois a grandeza deste é<br />

inveja<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s; sen<strong>do</strong> vossa mercê inveja<strong>do</strong> de muitos, infere-se que de<br />

poucos será ama<strong>do</strong>, porque invejar e amar não se compadecem, porque o<br />

amor alegra-se com os aumentos <strong>do</strong> que ama e a inveja com os<br />

acrescentamentos <strong>do</strong> inveja<strong>do</strong> se entristece. Está hoje cerca<strong>do</strong> de inimigos, e<br />

esses poderosos e ofendi<strong>do</strong>s. E se em a navegação é forçoso sofrer-se a<br />

assistência <strong>do</strong>s inimigos e desafeiçoa<strong>do</strong>s pelo coarcta<strong>do</strong> <strong>do</strong> baixel e prisão<br />

precisa <strong>do</strong>s mares, para onde não pode retirar-se o desejo <strong>da</strong> vista ou<br />

socie<strong>da</strong>de <strong>do</strong> que o molesta na campanha livre, desacerto seria estar por alvo<br />

de tantos olhos desafeiçoa<strong>do</strong>s, de tantos encontros inimigos, só por não<br />

Greg., Moral 19.<br />

Aug., 2. De civit. Dei.<br />

Arist., Pol. 3.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!