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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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62 A novela portuguesa no século XVII:<br />

apresenta<strong>da</strong> como um "sucedâneo <strong>da</strong> <strong>do</strong>utrinação teológica". Já José<br />

Agostinho 106 , referin<strong>do</strong>-se ao Retiro de Cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s, insere sem qualquer<br />

justificação este autor no grupo <strong>do</strong>s "Alegoristas bucólicos".<br />

João Gaspar Simões, francamente adverso à prosa de ficção portuguesa<br />

de Seiscentos e Setecentos 107 , revelan<strong>do</strong> contu<strong>do</strong> alguma consideração pela<br />

primeira novela <strong>do</strong> pároco <strong>da</strong> Azoeira, ain<strong>da</strong> que erroneamente a situe no<br />

século XVIII, inclui o Alívio de tristes no <strong>do</strong>mínio <strong>da</strong> novela alegórica: "A um<br />

género alegórico muito mais racional e didáctico pertencem as obras <strong>do</strong> padre<br />

Teo<strong>do</strong>ro de Almei<strong>da</strong>, O Feliz Independente, e <strong>do</strong> padre Mateus Ribeiro, Alívio<br />

de Tristes. Com estas duas obras, já <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> metade <strong>do</strong> século XVIII, se<br />

extingue, aliás, o ramo <strong>da</strong> nossa novelística alegórica, em ver<strong>da</strong>de derradeira<br />

manifestação de uma tendência de fonte erudita." 108 Também Palma Ferreira,<br />

apoian<strong>do</strong>-se nas designações propostas por Fidelino de Figueire<strong>do</strong> 109 para a<br />

literatura de ficção narrativa, se refere ao padre Mateus Ribeiro como autor de<br />

novelas alegóricas. No entanto, se considerarmos a utilização <strong>da</strong> alegoria<br />

continua<strong>da</strong> como recurso central na organização diegética <strong>da</strong> novela alegórica,<br />

e não pelo uso pontual de episódios de ín<strong>do</strong>le simbólica, não nos parece que<br />

esta designação possa aceitar-se para o Alívio de tristes, e menos ain<strong>da</strong> para<br />

as restantes novelas deste autor.<br />

Para Pai ma-Ferre ira, as novelas de Mateus Ribeiro são obras que<br />

"imbricam umas nas outras através de nexos que lhes são comuns e,<br />

engenhosíssimas e imaginosas, são obras de acção, de entretenimento e de<br />

sentimentalismos consegui<strong>do</strong>s através <strong>do</strong> constante jogo de metáforas,<br />

José Agostinho, História <strong>da</strong> Literatura Portuguesa: Quarta Época - Época <strong>da</strong> Decadência<br />

(Escola Seiscentista ou Gongórica), ed. cit., p.237.<br />

107 "Quer seja sentimental, quer seja alegórica, quer seja exemplar (e to<strong>da</strong>s as novelas deste<br />

longo purgatório são 'exemplares'), a novela portuguesa de Seiscentos e Setecentos não vale<br />

o papel em que está impressa." João Gaspar SIMÕES, História <strong>do</strong> Romance Português,<br />

Lisboa, Estúdios Cor, 1967, p.195.<br />

108 Ibidem, p.209.<br />

109 Fidelino Figueire<strong>do</strong> agrupa os textos de ficção narrativa em novelas de cavalarias, novelas<br />

pastorais, novelas alegóricas, novelas sentimentais e novelas picarescas. Fidelino de<br />

FIGUEIREDO, Historia <strong>da</strong> Litteratura Clássica, 2. a Época: 1580-1756, Lisboa, Livraria Clássica<br />

Editora, 1921, cap. VII -"Novelística", p.263.

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