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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte I 163<br />

governa<strong>do</strong>r <strong>da</strong> Lídia, por Dário, rei de Pérsia, o man<strong>do</strong>u crucificar na eminência<br />

de um levanta<strong>do</strong> monte, aonde acabou a vi<strong>da</strong> miseravelmente, como referem<br />

Estrabão 221 , Cícero 222 , Plínio 223 e outros autores; sen<strong>do</strong> espectáculo <strong>da</strong> mais<br />

lastimosa compaixão e miséria a quantos de antes o admiravam por tão<br />

favoreci<strong>do</strong> <strong>da</strong> ventura.<br />

Bem se receava e temia de suas carícias Teramenes, um <strong>do</strong>s trinta<br />

governa<strong>do</strong>res ou tiranos de Atenas, porque escapan<strong>do</strong> com vi<strong>da</strong> e sem perigo<br />

de ruína repentina de uma casa grande em que estava à mesa com muitas<br />

pessoas, as quais to<strong>da</strong>s morreram, escapan<strong>do</strong> ele somente, suspirou<br />

senti<strong>da</strong>mente dizen<strong>do</strong>:<br />

- E bem, fortuna, que favor é este com que me lisonjeias senão para<br />

alguma adversi<strong>da</strong>de mais rigorosa?<br />

E assim sucedeu que os outros vinte e nove governa<strong>do</strong>res ou tiranos,<br />

ven<strong>do</strong> que não consentia as suas cruel<strong>da</strong>des, o man<strong>da</strong>ram prender e que no<br />

cárcere bebesse o veneno com que acabou a vi<strong>da</strong>. Que diremos de Perseu, rei<br />

de Macedónia poderoso, de quem referem Orósio 224 , Dio<strong>do</strong>ro Sículo 225 e outros<br />

que sen<strong>do</strong> cativo <strong>do</strong>s romanos e trazi<strong>do</strong> a Roma em triunfo, morreu<br />

encarcera<strong>do</strong> em extrema pobreza? De Dionísio II, tirano de Sicília, escrevem<br />

Cícero 226 e Justino 227 que, despoja<strong>do</strong> <strong>da</strong> opulência e grandeza <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> que<br />

de seu pai her<strong>da</strong>ra, chegou a viver tão pobremente em Corinto que ensinava<br />

meninos a ler e escrever para sustentar a vi<strong>da</strong>. Do famoso empera<strong>do</strong>r<br />

Valeriano conta Paulo Orósio que sen<strong>do</strong> cativo de Sapor, rei <strong>do</strong>s persas, serviu<br />

enquanto viveu de pôr o bárbaro rei os pés sobre ele, quan<strong>do</strong> cavalgava, até<br />

que em tanta miséria e abatimento acabou a vi<strong>da</strong>. E agora enten<strong>do</strong> eu a razão<br />

porque Anaxágoras (como refere Valério Máximo 228 ) respondeu a um que lhe<br />

perguntava quem <strong>do</strong>s viventes lhe parecia poder-se chamar bem-aventura<strong>do</strong>; o<br />

221 Strab, Lib. 11.<br />

22 Cicer., De finibus.<br />

223 Plin., Lib. 37. c. 1.<br />

224 Orosius, De Orchesta mundi. lib. 4.<br />

225 Dio<strong>do</strong>rSic, Lib. 31.<br />

226 Cie, 3. Tusculan.<br />

227 Justin., Lib. 4 & 5.<br />

228 Orosius, Lib. 7. c. 22.

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