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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte VI 1055<br />

seus pareceres, dizen<strong>do</strong> uns que pela repentina invasão de Raimun<strong>do</strong> e suas<br />

tropas ficavam as pazes em suspensão e se deviam logo seguir com gente<br />

arma<strong>da</strong> os fugitivos a to<strong>do</strong> o risco, por conservar o esta<strong>do</strong> de Bolonha sua<br />

autori<strong>da</strong>de, pois estava lesa e abati<strong>da</strong> no <strong>caso</strong> presente, e que devia desforçar-<br />

se logo <strong>da</strong> ofensa que se lhe fizera. A este parecer seguiam outros, até que<br />

chegou a votar Justiniano, que como se reconhecia a Raimun<strong>do</strong> tão obriga<strong>do</strong>,<br />

como vós sabeis, e era tão eminente nas letras e no dizer eloquente, dizem<br />

que com grande confiança assim falou:<br />

- Vejo, eminentíssimo senhor, os pareceres neste conselho para que<br />

fomos chama<strong>do</strong>s tão diversos ao que a razão <strong>da</strong> prudência e o útil <strong>da</strong> razão de<br />

esta<strong>do</strong> está mostran<strong>do</strong> que obriga o zelo a que com mais dilações exponha os<br />

fun<strong>da</strong>mentos deste assunto, para que com to<strong>da</strong> a clareza se conheçam os<br />

<strong>da</strong>nos ou utili<strong>da</strong>des que dele podem seguir-se. E o que se julgar mais acerta<strong>do</strong><br />

e conveniente se siga.<br />

Queixou-se o pai <strong>do</strong> morto que Carlos e Lisar<strong>do</strong> lhe mataram a seu filho<br />

morga<strong>do</strong> uma noite em que o levaram engana<strong>do</strong> a desafio e aos clamores <strong>do</strong><br />

queixoso acudiu o auditor geral a prender a Carlos e Lisar<strong>do</strong>, que fugiu; e a<br />

Carlos prendeu, porém tão mal feri<strong>do</strong> que se receava sua vi<strong>da</strong> se o levassem à<br />

prisão. Deu o auditor conta a vossa eminência, que de seu consentimento se<br />

lhe deu a casa por prisão, <strong>da</strong>n<strong>do</strong>-se seu pai Frederico por fiel carcereiro <strong>do</strong><br />

preso, para o entregar à justiça ca<strong>da</strong> vez que lhe pedisse a entrega dele.<br />

Perguntara eu agora em que castelo forte o aprisionaram ou que esquadras de<br />

sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s de guar<strong>da</strong> lhe puseram? Com que sentinelas à vista o asseguraram?<br />

Para se estranhar tanto que sen<strong>do</strong> seu pai Frederico Manfre<strong>do</strong> um fi<strong>da</strong>lgo<br />

ilustre, mas em Bolonha forasteiro, e sem ter nesta ci<strong>da</strong>de nem ren<strong>da</strong>, nem<br />

possessões, se ausentasse com seu filho e família pois em Bolonha na<strong>da</strong> tinha<br />

que perder? Em que torre forte <strong>do</strong>s Asineis ao preso ou a seu pai fecharam?<br />

Que fia<strong>do</strong>res ricos e abona<strong>do</strong>s desta ci<strong>da</strong>de afiançaram a segurança de se não<br />

ausentarem dela? Mal se achará, diz o Séneca 1169 , quem possa viver seguro<br />

com a porta aberta, porque com porta aberta nem se asseguram as invasões<br />

<strong>do</strong>s inimigos, nem as prisões <strong>do</strong>s que se tem por prisioneiros; e, como diz<br />

Senec, Ep. 43.

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