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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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4 A novela portuguesa no século XVII:<br />

Silva, no Canto III <strong>do</strong> Hissope 4 , alude à Ro<strong>da</strong> <strong>da</strong> Fortuna como uma obra<br />

aprecia<strong>da</strong> por aqueles que denotam acentua<strong>da</strong> inferiori<strong>da</strong>de cultural 5 .<br />

Igualmente crítico, Verney 6 aponta o Alívio de Tristes como exemplo de defeito<br />

de eloquência e ain<strong>da</strong> pela excessiva preocupação com o título, incluin<strong>do</strong> o<br />

pároco <strong>da</strong> Azoeira no conjunto <strong>do</strong>s "autores tão preocupa<strong>do</strong>s pelas<br />

esquipações, que não se contentam de pôr o título <strong>do</strong> livro claro, mas, ou<br />

inventam um estrambótico, ou acrescentam algum epíteto que obscurece o<br />

negócio".<br />

Incluin<strong>do</strong> o Alívio de Tristes na categoria <strong>da</strong> "novela moral", Teófilo Braga 7<br />

descreve esta obra como um "sucedâneo <strong>da</strong> <strong>do</strong>utrinação teológica, composta<br />

de embrulha<strong>da</strong>s situações de <strong>caso</strong>s narra<strong>do</strong>s como aconteci<strong>do</strong>s, intermináveis<br />

descrições, consideran<strong>do</strong>s e exortações, matiza<strong>do</strong>s de contos ou Exemplos"<br />

que redun<strong>da</strong>m num "género insípi<strong>do</strong>". Mais condescendente para com Mateus<br />

Ribeiro se revelou José Agostinho, ao referenciar a novela Retiro de Cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s<br />

entre as obras <strong>do</strong>s "Alegoristas bucólicos", consideran<strong>do</strong> que, em comparação<br />

com as obras publica<strong>da</strong>s por de Elói de Sá Sotomaior, Diogo Ferreira Figueiroa<br />

ou Gerar<strong>do</strong> de Escobar, o padre Mateus Ribeiro publicou "com melhor critério,<br />

embora com excessivo gongorismo," 8 esta obra.<br />

4 António Diniz <strong>da</strong> CRUZ E SILVA, O Hyssope, Poema Heroi-Comico, Nova edição correcta,<br />

com variantes, prefácios e notas, Paris, na officina de A. Bobée, 1817, Canto III, p. 29.<br />

5 Atente-se na nota explicativa <strong>do</strong> verso que refere A Ro<strong>da</strong> <strong>da</strong> Fortuna e Cristais <strong>da</strong> Alma, <strong>do</strong><br />

padre António de Escobar, como obras preferenciais para o cónego Bastos colher algumas<br />

citações que ilustrem o seu discurso: "Este Verso alude a <strong>do</strong>us <strong>do</strong>s muitos Livros mystico-<br />

moraes, de que a nossa Literatura nacional é tam sobejamente abun<strong>da</strong>nte, um des<strong>do</strong>uro <strong>da</strong><br />

boa razão, <strong>da</strong> Religião christãa, e <strong>da</strong> boa Moral. Somos deve<strong>do</strong>res d'essa praga, em maior<br />

parte, aos Jesuítas, e á sua Eschola." António Diniz <strong>da</strong> CRUZ E SILVA, O Hyssope, Poema<br />

Heroi-Comico, ed. cit., p. 122.<br />

6 Luís António VERNEY, Ver<strong>da</strong>deiro Méto<strong>do</strong> de Estu<strong>da</strong>r: Estu<strong>do</strong>s Literários, Vol. Il, Ed. António<br />

Salga<strong>do</strong> Júnior, Lisboa, Livraria Sá <strong>da</strong> Costa, 1950, p. 115.<br />

7 Teófilo BRAGA, História <strong>da</strong> Literatura Portuguesa: Os Seiscentistas, Vol. 3, INCM, 1984, p.<br />

418.<br />

8 José AGOSTINHO, História <strong>da</strong> Literatura Portuguesa: Quarta Época - Época <strong>da</strong> Decadência<br />

(Escola Seiscentista ou Gongórica), <strong>Porto</strong>, Casa Editora de A. Figueirinhas, 1927, p. 237.

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