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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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410 Padre Mateus Ribeiro<br />

Comprastes caros os prelúdios, não apeteçais o fazerdes experiência <strong>do</strong>s fins<br />

trágicos. Agradecei a Amatilde que vos aconselhou como discreta, desejan<strong>do</strong><br />

mais vosso bem que seus aumentos; amai-a como agradeci<strong>do</strong> e não como<br />

pertendente, pois a mesma que hoje considerais admiração, em breves dias<br />

vos há-de parecer diferente, e não parece justo que arrisqueis por um empenho<br />

em que na<strong>da</strong> interessais, a honra, a quietação e as esperanças que<br />

inadverti<strong>da</strong>mente perdeis.<br />

Cap. VII.<br />

De como se descobriu quem era Amatilde e como se partiu de Ferrara<br />

Deu fim Constantino (a) a persuadir-me, se pudera persuadir-me quem<br />

tanto amava. É a enfermi<strong>da</strong>de de amor, diz Ovídio 406 , de dificultosa cura, sur<strong>do</strong><br />

para as admoestações, e, como diz o padre São Bernar<strong>do</strong> 407 , diverti<strong>do</strong> para<br />

admitir os conselhos. É a memória com a perseverança <strong>do</strong> lembrar, diz São<br />

João Crisóstomo, a arma mais reforça<strong>da</strong> <strong>do</strong> amor, porque enquanto não chega<br />

a esquecer-se, dificultosamente deixa persuadir-se; e como estava Amatilde<br />

tão presente na memória e tão próxima na vista, era em mim mais poderoso o<br />

afecto que a razão, quanto são mais eficazes os senti<strong>do</strong>s que os discursos.<br />

Queria eu replicar a Constantino quan<strong>do</strong> chegou um cria<strong>do</strong> a chamar-<br />

me, dizen<strong>do</strong> que de um coche saíam uns fi<strong>da</strong>lgos bem acompanha<strong>do</strong>s de<br />

gente de cavalo que perguntavam por meu pai e pareciam forasteiros. Subimos<br />

eu e Constantino acima a recebê-los juntamente com meu pai, e vimos a Sílvio,<br />

pai até este tempo de Amatilde, que vinha acompanhan<strong>do</strong> a Dom Cláudio de<br />

Este, parente <strong>do</strong> duque de Módena, com outros fi<strong>da</strong>lgos que assistiam, gente<br />

to<strong>da</strong> bem luzi<strong>da</strong> e traja<strong>da</strong>. Depois <strong>da</strong>s devi<strong>da</strong>s cortesias <strong>do</strong> recebimento a<br />

pessoas tão qualifica<strong>da</strong>s no ser e no esta<strong>do</strong>, Dom Cláudio, que era mancebo<br />

A partir deste ponto, este amigo de Felizar<strong>do</strong>, apresenta<strong>do</strong> anteriormente como Constantino,<br />

será chama<strong>do</strong> Constâncio. Optámos por manter a primeira forma.<br />

406 Ovid., in Epist.<br />

407 S. Bern., Ser. 33. Supr. Cant.

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