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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte III 513<br />

em primeira causa e primeiro princípio de to<strong>do</strong> o ser. Assim o traz Santo<br />

Anselmo 497 , S. Dionísio Areopagita 498 , o angélico <strong>do</strong>utor Santo Tomás 499 e<br />

Cassio<strong>do</strong>ro 500 , com outros <strong>do</strong>s santos padres e <strong>do</strong>utores escolásticos. Porque<br />

como ninguém possa <strong>da</strong>r o que não tem, diz o <strong>do</strong>utor angélico, certo é que pois<br />

Deus comunicou tantas perfeições, como vemos, às criaturas com eminência,<br />

contem em si mesmo to<strong>da</strong>s as perfeições que repartiu e outras sem número<br />

que criar pudera, se quisera. To<strong>do</strong> o belo <strong>da</strong>s flores, o vistoso <strong>da</strong>s cores, a<br />

delícia <strong>da</strong>s florestas, o recreio <strong>do</strong>s jardins, o suave <strong>do</strong>s aromas, a fragrância<br />

<strong>do</strong>s cheiros, o radiante <strong>da</strong>s pedras preciosas, as luzes <strong>do</strong>s planetas, os<br />

resplan<strong>do</strong>res <strong>do</strong> sol, o ornato <strong>do</strong>s céus, a melodia <strong>da</strong> música, a fermosura <strong>do</strong>s<br />

anjos e os encarecimentos <strong>da</strong> beleza humana, com tu<strong>do</strong> o mais que pode<br />

subtilizar o discurso mais perito, está em Deus infinitamente mais perfeito <strong>do</strong><br />

que o pode alcançar nosso discurso. Deus para ti é tu<strong>do</strong>, diz o grande padre<br />

Santo Agostinho 501 , porque não pode aspirar o desejo a bem algum, delícia ou<br />

perfeição que em Deus não ache; gozan<strong>do</strong> a alma bem-aventura<strong>da</strong> tu<strong>do</strong> junto<br />

por fruição em grau superior, quanto separa<strong>da</strong>mente nas criaturas solicitava o<br />

desejo e não lograva.<br />

Três <strong>do</strong>tes tem na glória as almas bem-aventura<strong>da</strong>s, que são:<br />

perfeitíssima sabe<strong>do</strong>ria, perfeitíssimo amor e perfeitíssimo gosto ou fruição em<br />

que se encerra e cifra to<strong>do</strong> o gosto cabal e alegria. Assim ven<strong>do</strong> a Divina<br />

Essência eleva<strong>da</strong>s pelo lume <strong>da</strong> glória, tu<strong>do</strong> e to<strong>da</strong>s as ciências perfeitamente<br />

alcançam quanto aos merecimentos de ca<strong>da</strong> um pertence. Ali vem os tesouros<br />

<strong>do</strong> amor divino, em cujo infinito oceano engolfa<strong>da</strong> a vontade humana com<br />

to<strong>da</strong>s as potências <strong>da</strong> alma a Deus seu amante sobre tu<strong>do</strong> ama. Ali desposa<strong>da</strong><br />

a alma venturosa com seu Divino Esposo inefavelmente o goza, ten<strong>do</strong> neste<br />

logro juntos to<strong>do</strong>s os bens, as delícias, as alegrias e recreios em que o desejo<br />

pára e o coração só cabalmente descansa. Aqui, diz o melífluo padre São<br />

Bernar<strong>do</strong> 502 , nem admite o entendimento engano, nem a vontade <strong>do</strong>r, nem a<br />

497 S. Ansel, ibi.<br />

498 Dionys. Areop.<br />

499 S. Tho.<br />

500 Cassio<strong>do</strong>r.<br />

501 S. Aug.<br />

502 S. Bern.

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