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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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212 Padre Mateus Ribeiro<br />

aprazíveis, ain<strong>da</strong> que em outras partes é falto delas; porém tem relvas mui<br />

frescas de ervas tão diversas nas espécies como nas virtudes e proprie<strong>da</strong>des.<br />

É em algumas partes despenha<strong>do</strong>; há nele algumas povoações em lugares<br />

diferentes, entre as quais uma <strong>da</strong>s principais é o castelo ou vila de Santo<br />

Angelo, edifica<strong>da</strong> na eminência <strong>do</strong> monte sobre um vivo roche<strong>do</strong> e serrania que<br />

fica sobranceira à parte <strong>do</strong> mar Adriático, em cujas raízes está edifica<strong>da</strong><br />

Manfredónia, como este já dissemos. É esta povoação de Santo Ângelo<br />

habita<strong>da</strong> de muitos mora<strong>do</strong>res, abun<strong>da</strong>nte de muitos mantimentos e cousas<br />

necessárias à vi<strong>da</strong> humana, que <strong>do</strong>s lugares e distrito <strong>do</strong> monte se colhem.<br />

Neste lugar se vê o milagroso santuário e devota cova e templo<br />

dedica<strong>do</strong> ao príncipe <strong>do</strong>s exércitos <strong>da</strong> glória, o glorioso arcanjo São Miguel: a<br />

qual cova foi descoberta no ano de nossa Redenção de quinhentos e oitenta e<br />

seis, aos oito dias de Maio, no pontifica<strong>do</strong> de Gelásio, por revelações <strong>do</strong><br />

mesmo S. Arcanjo. É este devoto santuário uma grande cova ou lapa aberta<br />

em uma viva rocha deste monte por obra <strong>do</strong>s anjos, como piamente se crê.<br />

Entra-se nela por uma porta grande de mármore bem lavra<strong>do</strong>, que fica à parte<br />

<strong>do</strong> meio-dia, a qual lhe man<strong>da</strong>ra fazer os senhores <strong>do</strong> reino de Nápoles e<br />

Apulha. Desta entra<strong>da</strong> se vai descen<strong>do</strong> por cinquenta e cinco degraus<br />

continua<strong>do</strong>s para a parte <strong>do</strong> norte, que se lhe não comunicassem luz as frestas<br />

que na viva pedra como arte se fizeram, não poderiam sem luz artificial<br />

como<strong>da</strong>mente decer os peregrinos por eles. No fim desta esca<strong>da</strong> se vê um<br />

cemitério grande em campo plano, no qual há muitas capelas e sepulturas de<br />

várias pessoas. Passa<strong>do</strong> este campo e cemitério, por uma porta de metal<br />

obra<strong>da</strong> de curioso artifício se entra na santa cova, na qual se não concede<br />

entra<strong>da</strong> alguma antes de nacer o sol. Esta porta, pela qual se entra neste santo<br />

lugar, está direita ao poente; e à mão direita dela se vê aquele santuário e<br />

templo dedica<strong>do</strong> ao S. Arcanjo, to<strong>do</strong> feito de viva pedra milagrosamente. É esta<br />

lapa ou cova baixa, sombria e pouco clara: em meio dela está um coro<br />

pequeno a que se sobe por quatro degraus, sobre os quais está o altar<br />

dedica<strong>do</strong> ao S. Arcanjo, tão eficaz com sua presença a ser respeita<strong>do</strong> e<br />

venera<strong>do</strong> que não há ânimo, por mais distraí<strong>do</strong> e indevoto que seja, que não<br />

mostre temor e reverência grande, movi<strong>do</strong> interiormente de força superior<br />

quan<strong>do</strong> a tão santo altar se avezinha. Está este altar que o S. Arcanjo<br />

consagrou a sua memória coberto de ouro, feito por arte, aonde de ordinário as

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