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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte V 855<br />

seus filhos, como disse Aristóteles , como partes suas, as pren<strong>da</strong>s de<br />

fermosura e honesti<strong>da</strong>de que Diana tinha a faziam para com to<strong>do</strong>s amável,<br />

quanto mais para com meus pais. Cresceu Diana na i<strong>da</strong>de e eu nos cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s,<br />

e com intento de poder <strong>da</strong>r-lhe esta<strong>do</strong> me apliquei às letras com tantos desejos<br />

de aproveitar-me que estava no penúltimo ano de Direito Civil, que com<br />

grandes desvelos estu<strong>da</strong>va, quan<strong>do</strong> a fortuna me encontrou a aura <strong>do</strong><br />

valimento que desejava, pelo mo<strong>do</strong> que agora referirei.<br />

No meio <strong>da</strong> Via Emília se descobre situa<strong>da</strong> a antigua ci<strong>da</strong>de de Faencia,<br />

ou Favencia, como antiguamente se chamava, como se colhe de Sabélico,<br />

Sílio Itálico 809 , Apiano Alexandrino 810 , Agacio 811 e outros autores. Divide a<br />

ci<strong>da</strong>de em duas partes o cau<strong>da</strong>loso rio Lamão, apartan<strong>do</strong> o burgo ou arrabalde<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, que tornam a unir-se com uma espaçosa ponte de pedra com duas<br />

torres sobre o rio, obra bem vistosa e opulenta. Tem o rio a fonte, como os<br />

mais, nos penhascos <strong>do</strong> monte Apenino, que enfermo <strong>da</strong> hidrópica abundância<br />

de suas águas vai sangran<strong>do</strong> em rios para desopilar o excesso de cristal que<br />

nas entranhas encerra, fazen<strong>do</strong> a cópia onerosa que sem lanceta rebentem tão<br />

cau<strong>da</strong>losas sangrias em tantas partes de Itália, com que seus campos fertiliza.<br />

Vai o rio Lamão com apressa<strong>da</strong> corrente parar no lago de Ferrara, aonde<br />

registran<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o cristal que leva perde o nome e a ambição; pois como diz<br />

Ovídio 812 , quem aos menores excede, aos maiores se humilha. É a ci<strong>da</strong>de<br />

populosa e rica, com um castelo que lhe man<strong>do</strong>u edificar o empera<strong>do</strong>r<br />

Frederico Segun<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> a rendeu, para a ter sujeita.<br />

Nesta antigua e nobre ci<strong>da</strong>de, de que tem saí<strong>do</strong> eminentes sujeitos, saiu<br />

a causa de meu <strong>da</strong>no e a ocasião <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> miserável em que me vejo. Camilo<br />

Rizar<strong>do</strong>, morga<strong>do</strong> rico de Faença, veio a Bolonha mais com desejos de vê-la<br />

que de aplicar-se aos estu<strong>do</strong>s. Tomou casas defronte <strong>da</strong>s em que meus pais<br />

viviam. Da vizinhança procedem muitas vezes os bens e os males: os bens,<br />

como disse Hesío<strong>do</strong> 813 , sen<strong>do</strong> o vizinho bom; os males, como disseram<br />

,M Sil. Ital., Lib. 8.<br />

°Ap.AL, Lib. 1.<br />

1 Ag., De bell. Got. lib. 1.<br />

2 Ov., 3. De art.<br />

3 Hes., apud Stob.

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