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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte I 137<br />

governa<strong>do</strong>r de Lídia, teve Xenofonte, que foi o primeiro que escreveu crónicas<br />

e histórias, o qual não somente foi em extremo de Ciro estima<strong>do</strong>, mas<br />

juntamente muito favoreci<strong>do</strong> de Agesilau, rei de Esparta, com quem teve<br />

particular privança, e com razão, porque foi de tanta erudição e eloquência que<br />

lhe chamaram por admiração a musa ática, dizen<strong>do</strong> que se as próprias musas<br />

falaram, somente com a voz de Xenofonte o fizeram. Não menor foi a<br />

estimação em que o filósofo Aristipo foi ti<strong>do</strong> de Dionísio II, tirano de Sicília, que<br />

com ser perverso não deixava de estimar e reverenciar nele o muito que<br />

merecia sua sabe<strong>do</strong>ria e erudição. Eram antigamente busca<strong>do</strong>s com<br />

admiração, ouvi<strong>do</strong>s como oráculos, respeita<strong>do</strong>s como se divinos fossem. De<br />

Anacarsis se escreve que <strong>da</strong> Sicília veio à Grécia somente a contemplar as<br />

maravilhas que de seus sábios publicava a fama; e se mais breve jorna<strong>da</strong>, qual<br />

era a de Mégara a Atenas, que continha poucas milhas, com grandes riscos até<br />

<strong>da</strong> própria vi<strong>da</strong> vinha Euclides em traje de mulher, de noite, de Mégara a<br />

Atenas, por não ser conheci<strong>do</strong>, a ouvir <strong>do</strong>utrina de Sócrates com notável perigo<br />

de ser morto; porque como estas duas ci<strong>da</strong>des estavam em contínuas e<br />

obstina<strong>da</strong>s guerras uma com outra, tinham feito os atenienses uma lei que<br />

qualquer ci<strong>da</strong>dão de Mégara que em Atenas se achasse fosse sem remissão<br />

logo morto; e por to<strong>do</strong>s estes temores e perigos rompia Euclides, a troco de<br />

ouvir a Sócrates. Que direi de Platão, a quem sua grande sabe<strong>do</strong>ria deu título<br />

de divino, que a flor de seus anos gastou em peregrinar muitas partes <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, pois depois de ouvir a Sócrates em Atenas e a Euclides em Mégara,<br />

navegou a Cirene a fim de ouvir ao matemático Teo<strong>do</strong>ro, tornan<strong>do</strong> <strong>da</strong>í a Itália a<br />

ouvir Pitágoras na ci<strong>da</strong>de de Crotona, em Calábria, aonde tinha situa<strong>da</strong> a<br />

escola de sua Filosofia; de Itália peregrinou ao Egipto para e aprender as<br />

ocultas ciências e secretos <strong>do</strong>gmas de seus sacer<strong>do</strong>tes; e <strong>do</strong> Egipto intentou<br />

passar à índia a tratar com os brâmanes gimno-sofistas e magos que em tão<br />

dilata<strong>do</strong>s reinos floreciam, e por estar a este tempo em guerra to<strong>da</strong> Ásia não<br />

pôde conseguir o intento?<br />

E sen<strong>do</strong> assim, que somente para ouvir sábios e tratar com eles, a troco<br />

de conversar com <strong>do</strong>utos se faziam ain<strong>da</strong> os mesmos sábios peregrinos, vejo<br />

que no tempo de hoje pela maior parte são no mun<strong>do</strong> pouco busca<strong>do</strong>s e<br />

menos premia<strong>do</strong>s, ou porque não usam <strong>da</strong> adulação lisonjeira, ou porque o<br />

respeito e a valia se lhes adianta. Em qual <strong>do</strong>s esta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, assim <strong>da</strong>s

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