17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte V 865<br />

Hércules num pé quan<strong>do</strong> ia mais resoluto a <strong>da</strong>r a morte à hidra Lerneia; que<br />

nem a valentia <strong>do</strong> tebano Hércules pôde evitar o ser mordi<strong>do</strong> de marisco tão<br />

despreza<strong>do</strong> e pica<strong>do</strong> <strong>da</strong>s presas de animal tão pequeno. A grandeza de um<br />

elefante, que parece monte com alma ou penhasco com vi<strong>da</strong>, é ofendi<strong>da</strong> e<br />

persegui<strong>da</strong> <strong>do</strong> animal mais humilde e mais pequeno. A ninguém isentou a<br />

natureza de um perigo e a ninguém livra a ofensa de uma vingança, diz o<br />

Séneca 833 . Tem seu estímulo o agravo, disse Cícero 834 , que incita a procurar o<br />

castigo. Acaba-se com a morte talvez a memória <strong>do</strong> heróico, diz Plauto 835 , mas<br />

<strong>do</strong> ofensor ain<strong>da</strong> depois de morto sempre dura no coração <strong>do</strong> agrava<strong>do</strong> a<br />

lembrança <strong>da</strong> ofensa.<br />

Aqui deu fim meu estu<strong>do</strong>, aqui tiveram princípio meus trabalhos,<br />

terminou-se meu sossego e desmaiou minha esperança, que mal podiam<br />

perseverar meus bem nasci<strong>do</strong>s pensamentos, pois lhes faltava a ventura. Que<br />

importa a um desgraça<strong>do</strong> largar as velas <strong>do</strong> desejo para navegar ao porto mais<br />

honroso, se se há-de ver derrota<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> imagina que navega mais seguro?<br />

Que importou o haver procedi<strong>do</strong> bem, desvelan<strong>do</strong>-me por estu<strong>da</strong>r, se no tempo<br />

em que pudera colher de meus trabalhos o fruto, de meus desvelos o prémio,<br />

para meus pais o alívio, para esta infelice irmã o remédio, ela se despenhou a<br />

si e me precipitou a mi? Quem há-de assegurar a um desditoso o edifício de<br />

suas esperanças? Que como não lançou os cimentos e bases na ventura,<br />

como podia permanecer obelisco que não tinha seguro o fun<strong>da</strong>mento?<br />

Oh falso amigo, que profanaste os privilégios <strong>da</strong> amizade, que violaste<br />

<strong>da</strong> leal<strong>da</strong>de as leis, que prevaricaste <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de os <strong>do</strong>cumentos, <strong>da</strong><br />

desconfiança os foros, <strong>da</strong> cortesia os primores e a imuni<strong>da</strong>de <strong>do</strong> hospício com<br />

que em minha casa entravas! Que vingança não receias, que castigo não<br />

temes de um desgraça<strong>do</strong> tão sem razão ofendi<strong>do</strong>? Se te fias na riqueza, pouco<br />

aproveitou a Cresto o possuí-la; se na valentia, que importou a Filipe<br />

Macedónio o invencível valor quan<strong>do</strong> o ofendi<strong>do</strong> moço Pausânias lhe tirou a<br />

vi<strong>da</strong>? Se confias na nobreza, mais ilustre era Cómo<strong>do</strong> empera<strong>do</strong>r quan<strong>do</strong> seus<br />

Sen., De ir. lib 3.<br />

Cie, 5. Act. in Ver.<br />

Piau., in Per.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!