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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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1022 Padre Mateus Ribeiro<br />

pedi<strong>do</strong>, para o meterem na torre bem guar<strong>da</strong><strong>do</strong>. São os que se encarregam de<br />

guar<strong>da</strong>r a outros, diz Cícero 1097 , tão exactamente observantes no oneroso a<br />

que se obrigaram que com razão se pode deles dizer que guar<strong>da</strong>m sua própria<br />

vi<strong>da</strong> no incessável cui<strong>da</strong><strong>do</strong> de haver de guar<strong>da</strong>r as alheias. Assim disse<br />

Plutarco 1098 que devem ser os a quem a guar<strong>da</strong> de algum preso se entrega<br />

observantíssimos no desvelo para o entregarem seguro. Está vossa mercê<br />

obriga<strong>do</strong> a entregar à prisão ao senhor Carlos, seu filho morga<strong>do</strong>, pon<strong>do</strong> sua<br />

vi<strong>da</strong> em manifesto perigo, sen<strong>do</strong> a acusação criminal e capital, com partes tão<br />

poderosas e de tanto valimento, estan<strong>do</strong> a defesa tão escura e improvável pela<br />

falta de quem a ver<strong>da</strong>de declarar possa.<br />

Deixan<strong>do</strong> de o entregar conforme as obrigações e termos exactíssimos<br />

que assinou, tanto que a justiça pedir a entrega dele, será ser vossa mercê<br />

preso em aperta<strong>da</strong> prisão, pon<strong>do</strong>-lhe guar<strong>da</strong>s à sua custa com estipêndios<br />

diários, ca<strong>da</strong> dia acrescenta<strong>do</strong>s, e a prisão mais estreita; porque o cardeal<br />

lega<strong>do</strong> de Bolonha, ain<strong>da</strong> que como parente o deseje, não pode favorecer a<br />

causa em mo<strong>do</strong> algum. A primeira razão, por se prezar de tão observa<strong>do</strong>r <strong>da</strong><br />

justiça, em que consiste o respeito de sua autori<strong>da</strong>de, como diz<br />

Demóstenes 1099 , e talvez obrará contra o que deseja, porque com os clamores<br />

de partes poderosas e ofendi<strong>da</strong>s não pode quem governa obrar menos que<br />

executar o rigor <strong>da</strong> justiça.<br />

Bem se viu esta ver<strong>da</strong>de em Roma, quan<strong>do</strong> o cônsul Marco Júnio,<br />

sen<strong>do</strong> juiz <strong>da</strong>s criminosas acusações que os macedónios vieram capitular<br />

contra seu filho Júnio Silano <strong>da</strong>s ofensas e agravos que dele tinham recebi<strong>do</strong>,<br />

o man<strong>do</strong>u prender em tão áspera prisão, proceden<strong>do</strong> contra ele com tão<br />

severo rigor que o filho desespera<strong>do</strong> se matou a si mesmo na prisão em que<br />

estava por não experimentar a sentença executiva de seu rigoroso pai. Vai<br />

grande distância <strong>do</strong> amor à justiça. Faz divórcio o parentesco com a rectidão e<br />

o favor com a obrigação de quem governa; porque, como disse Plínio 1100 , a<br />

justiça há-de mostrar-se igual aos naturais, assim aos de fora como aos<br />

Plut., Prob. Dec. 1.<br />

Dem., Com. Mid.<br />

Plin. Jun., Lib. 1.

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