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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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282 Padre Mateus Ribeiro<br />

montanhas, haven<strong>do</strong> si<strong>do</strong> capitão de cavalos em campanha nos exércitos de<br />

César. Mas quem pode assegurar a mudável ro<strong>da</strong> <strong>da</strong> fortuna?<br />

Cap. XV.<br />

Do que mais passou Frederico com os passageiros<br />

Admira<strong>do</strong>s ficámos to<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s discursos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de Frederico, a<br />

varie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> sorte em levantá-lo e em desfavorecê-lo, a quem eu respondi<br />

desta sorte:<br />

- Se o sentimento, senhor Frederico, vos permitira mais tréguas a<br />

ouvirdes com atenção minhas palavras, porventura que nem vossa <strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong>minara tanto vosso bom juízo, nem vos movesse a paixão a terdes tão<br />

inquieta a vi<strong>da</strong> como vós mesmos conheceis.<br />

Respondeu ele que estimara ouvir-me e eu prossegui, dizen<strong>do</strong>:<br />

- Que a honra seja de to<strong>do</strong>s apeteci<strong>da</strong>, ensina Aristóteles 301 ; e que seja<br />

digno galardão de heróicos merecimentos, disse Cícero 302 ; que haja de<br />

guar<strong>da</strong>r-se com vigilante cui<strong>da</strong><strong>do</strong> e solícito desvelo, escreve Plínio Júnior; mas<br />

também ensina o padre S. Gregório 303 que pouco importa o subir quem pelos<br />

defeitos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> começa a descer. Que importa, senhor Frederico, que com o<br />

dispêndio de tantos riscos e militares proezas à honra de capitão na campanha<br />

gloriosamente subísseis, se hoje com o exercício presente dessa digni<strong>da</strong>de<br />

caístes? Intentais vingar a honra com os próprios meios com que abateis seu<br />

luzimento? E queren<strong>do</strong> ficar com excesso satisfeito, seguis o caminho de<br />

vingardes a ser menos estima<strong>do</strong>.<br />

Confesso que o agravo que se vos fez foi grande e de vós não mereci<strong>do</strong>,<br />

mas diz o Séneca que não há poder por maior que se avalie que se isente <strong>do</strong><br />

poder ser afronta<strong>do</strong>; porque em nós está o podermos particularmente merecer,<br />

mas não está em nosso querer o podermos os agravos evitar. Empera<strong>do</strong>r de<br />

Arist., Topic. 6.<br />

Cicer., De Ciar. oral lib. 1. Epist.<br />

Greg., 1. Dial.

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