17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

832 Padre Mateus Ribeiro<br />

extremoso, a ânsia ao culminante, as sau<strong>da</strong>des ao exagera<strong>do</strong>, o sentir ao<br />

sofrível, ven<strong>do</strong> que o arrependimento não era poderoso para restaurar o<br />

perdi<strong>do</strong>, pois nunca com o repeti<strong>do</strong> <strong>do</strong> pesar ficava restaura<strong>do</strong>. Havia algumas<br />

árvores a que os romanos <strong>da</strong>vam título de infelices e de cujos troncos usavam<br />

para as execuções <strong>da</strong> morte, as quais eram, como escrevem Tarquínio<br />

Benavides 756 , Plínio 757 , Macróbio 758 e outros autores, as árvores que nunca<br />

<strong>da</strong>vam fruto. Tais ficam sen<strong>do</strong> os arrependimentos com que não pode<br />

restaurar-se o <strong>da</strong>no infelice e sem fruto, pois não pode com eles ter lenitivos a<br />

pena, e assi incapazes de aplacarem o remorso interminável <strong>da</strong> <strong>do</strong>r. Porém se<br />

permitiu o Céu que vossa esposa, assi como não estava culpa<strong>da</strong>, não ficasse<br />

ofendi<strong>da</strong> e como inocente <strong>do</strong> delito ficasse sem o gravame <strong>da</strong> ofensa, vosso<br />

arroja<strong>do</strong> furor sem publicar-se, ela viva e vós desengana<strong>do</strong> de que foi sempre a<br />

que na reali<strong>da</strong>de devia ser e não a que a ilusão de vossas desconfianças<br />

criminavam, que motivos tendes para a <strong>do</strong>r, se a causa à vossa <strong>do</strong>r não dá<br />

motivos? É a tristeza um agrega<strong>do</strong> de <strong>do</strong>res, como lhe chama Euripides 759 , e<br />

deve-se evitar quan<strong>do</strong> é possível pelo nocivo com que acomete a vi<strong>da</strong>; pois<br />

como sen<strong>do</strong> a causa tão incapaz de sentir-se, intentais vós <strong>da</strong>r-lhe forças para<br />

atormentar-vos? E se me disseres que sentis o presente <strong>da</strong> fugi<strong>da</strong> de vossa<br />

esposa e não o rigor <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, pois o rigor não chegou a execução? A isso<br />

responderei que servirá este retiro para saberdes ao diante estimar em mais<br />

sua presença. É a ausência catedrática <strong>da</strong> estimação, assi como a assistência<br />

<strong>do</strong> desprezo; não separa, diz Aristóteles 760 , a distância o amor, mas só impede<br />

o repeti<strong>do</strong> <strong>da</strong> vista, e como a repetição muitas vezes seja tediosa ao desejo, e<br />

este não tenha o centro na posse, senão na esperança, <strong>da</strong>qui vem o <strong>da</strong>r-se<br />

menor estimação naquilo em que não milita a aspiração <strong>do</strong> desejo. É este um<br />

voo de que se alimenta a vontade <strong>do</strong>ce e amargo: <strong>do</strong>ce lhe chamou<br />

Aristóteles 761 , agro lhe deu por título Platão 762 . Esta diferença vai <strong>da</strong> fruição ao<br />

Tar. Ben., Lib. 1. c. 4.<br />

Plin., Lib. 16. c. 27.<br />

Mac, Lib. 3. Sat.<br />

Eur.,in Ale.<br />

Arist., Eth. 8.<br />

Arist., Dean.<br />

Plat., De tranq. anim.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!