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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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O <strong>caso</strong> Mateus Ribeiro 57<br />

nobres, no valor <strong>da</strong> experiência e <strong>do</strong> conhecimento que resulta <strong>da</strong> i<strong>da</strong>de. A<br />

ficcionalização de personagens ou de acontecimentos históricos 97 , unin<strong>do</strong><br />

ficção e história, contribuem ain<strong>da</strong> para alcançar um efeito verosimilhança que<br />

o estilo artificial e a acumulação de exempla e citações parecem por vezes<br />

colocar em risco.<br />

Além destas alusões a factos históricos, o autor tem a preocupação de<br />

assinalar a passagem <strong>do</strong> tempo com anotações temporais amiu<strong>da</strong><strong>da</strong>s,<br />

pontuan<strong>do</strong> mesmo algumas narrativas com <strong>da</strong>tas concretas, sobretu<strong>do</strong> aquelas<br />

em que se verifica a participação <strong>do</strong>s protagonistas, ou de personagens a ele<br />

liga<strong>da</strong>s, em acontecimentos bélicos 98 ou em situações históricas reconhecíveis<br />

pelo leitor 99 . Como seria de esperar numa novela barroca, marca-se<br />

frequentemente o tempo diegético através de comparações, perífrases ou<br />

metáforas mitológicas e de tópicas descrições <strong>do</strong> nascer <strong>da</strong> aurora ou <strong>do</strong> pôr-<br />

<strong>do</strong>-sol 100 . Ain<strong>da</strong> assim, sen<strong>do</strong> o amor o elemento central <strong>do</strong> conjunto <strong>da</strong>s<br />

Veja-se narração <strong>da</strong> trágica história de Maria Estuar<strong>da</strong>, Rainha de Escócia e França,<br />

apresenta<strong>da</strong> como exemplo <strong>da</strong>s adversi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> fortuna e <strong>do</strong> amor humano. Mateus RIBEIRO,<br />

Alivio de tristes e consolação de queixosos, Parte I, pp.127-169.<br />

98 O Peregrino Dionísio, na sua narrativa retrospectiva, afirma ter si<strong>do</strong> a primeira de suas<br />

desgraças "o ficar órfão de pai nos tenros anos de minha infância, que em defensão <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

de Metz, que estava em poder <strong>do</strong>s Franceses, perdeu honrosamente a vi<strong>da</strong>, sen<strong>do</strong> General <strong>da</strong><br />

praça o duque de Guisa, que no ano de mil e quinhentos cinquenta e três, com notável valor<br />

digno de perpétua memória a defendeu a to<strong>do</strong> o poder <strong>do</strong> empera<strong>do</strong>r Carlos V com tanta<br />

mortan<strong>da</strong>de <strong>do</strong> exército <strong>do</strong> César, que foi uma <strong>da</strong>s grandes calami<strong>da</strong>des que recebeu em sua<br />

vi<strong>da</strong>." Alivio de tristes e consolação de queixosos, Parte I, p.126<br />

99 É o <strong>caso</strong> <strong>da</strong> morte <strong>do</strong> duque de Norfolc, apoiante <strong>da</strong> rainha Maria Eduar<strong>da</strong>: "Nesta mais<br />

propriamente prisão que retiro viveu a rainha alguns anos sem liber<strong>da</strong>de, até que no ano de mil<br />

e quinhentos e setenta e um, que é o tempo em que eu cheguei a Inglaterra ao serviço <strong>do</strong><br />

duque de Norfolc, sen<strong>do</strong> de vinte anos de i<strong>da</strong>de, se ocasionou a ruína deste senhor" (Parte I,<br />

p.166); "Eu que me vi desfavoreci<strong>do</strong> e sem pessoa alguma que me amparasse, me retirei <strong>da</strong><br />

corte ao campo alguns dias, té que o malogra<strong>do</strong> duque Tomás de Norfolc foi condena<strong>do</strong> à<br />

morte, sen<strong>do</strong>-lhe corta<strong>da</strong> a cabeça em Londres aos <strong>do</strong>us dias de Junho de mil e quinhentos e<br />

setenta e <strong>do</strong>us" (Parte I, p.172).<br />

100 "Já o sol queria ocultar a radiante me<strong>da</strong>lha de seus cabelos, ou os vivos raios de sua<br />

<strong>do</strong>ura<strong>da</strong> madeixa' (Parte I, p.198); "E porque ao vento, já quan<strong>do</strong> o sol em sepulcro de<br />

topázios páli<strong>do</strong> se encobria, largámos as velas" (Parte II, p.300); "saímos de Nápoles quan<strong>do</strong> o<br />

morga<strong>do</strong> <strong>da</strong>s luzes na espaçosa estra<strong>da</strong> de safiras vinha restituin<strong>do</strong> aos pra<strong>do</strong>s as cores e

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