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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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848 Padre Mateus Ribeiro<br />

ain<strong>da</strong> com recebê-lo em si mesmo, desejar desviar-lhe o nocivo <strong>do</strong> perigo, ou o<br />

desaire <strong>do</strong> risco, ou abatimento que lhe ameaça: como se viu em Múcio<br />

Cévola, Horácio Codes, Marco Atílio Régulo e outros muitos que pelo bem de<br />

sua pátria não temeram exporem as vi<strong>da</strong>s a to<strong>do</strong> o risco; porque, como diz<br />

Cícero 801 , assi como <strong>da</strong> pátria to<strong>da</strong>s as comodi<strong>da</strong>des se tiram, assi pelo bem<br />

<strong>da</strong> pátria nenhum discómo<strong>do</strong> se deve avaliar por grave. Dela disse Santo<br />

Agostinho 802 que há-de ter para com seus filhos título de mãe; e assi como a<br />

quem a seus peitos nos criou devemos obrigações nunca cabalmente pagas,<br />

assi à pátria devemos respeitos a que sempre vivemos obriga<strong>do</strong>s.<br />

Mal pagastes, Constantino, a vossos pais e a vossa pátria as dívi<strong>da</strong>s de<br />

honra<strong>do</strong> filho proceden<strong>do</strong> com vi<strong>da</strong> tão infama<strong>da</strong>. Para vossos pais lágrimas<br />

contínuas e para vossa pátria mágoa incessável. Para vós o maior risco e para<br />

quem vos conheceu nos estu<strong>do</strong>s senti<strong>da</strong> admiração. Vem os trabalhos <strong>da</strong>s<br />

letras tão inutilmente despendi<strong>do</strong>s, e quan<strong>do</strong> com elas os outros se autorizam e<br />

a sua pátria ilustram, vós a ela aviltais e a vós próprio tão arroja<strong>da</strong>mente<br />

desluzis. Ain<strong>da</strong> não satisfeito de roubardes aos passageiros nas estra<strong>da</strong>s,<br />

emprendestes roubar as descui<strong>da</strong><strong>da</strong>s pastoras em seus montes? E as que na<br />

tutela e guar<strong>da</strong> de seus pais se julgavam de desaforos seguras, quisestes que<br />

conhecessem em vós o mais atrevi<strong>do</strong> desaforo? Não advertíeis que para<br />

delitos tão escan<strong>da</strong>losos havia castigos no Céu e justiça na terra? Em que<br />

fundáveis tão cega confiança, quan<strong>do</strong> tantos exemplos se tem visto de castigos<br />

executa<strong>do</strong>s em semelhantes atrevimentos? Em que fim veio a parar Estêvão<br />

Corso, capitão de homizia<strong>do</strong>s ban<strong>do</strong>leiros, com os quais ocupan<strong>do</strong><br />

violentamente os castelos de Montalto e de Ponticulo, ambos nas terras <strong>da</strong><br />

Igreja, <strong>do</strong>nde com seus facinorosos companheiros saíam pelas estra<strong>da</strong>s e<br />

terras vizinhas a cometerem mil insultos, mortes e latrocínios, até que<br />

ultimamente persegui<strong>do</strong>s pelos sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s que Roma enviou a seu castigo,<br />

pagaram os que não puderam fugir com violenta e abati<strong>da</strong> morte os desaforos<br />

execráveis que cometi<strong>do</strong> tinham? Em que parou Leão Vetrano, aquele tão<br />

temi<strong>do</strong> cossário e pirata <strong>do</strong> Mediterrâneo e Adriático, <strong>do</strong>s navegantes terror e<br />

<strong>do</strong>s passageiros marítimo assombro, os latrocínios e piratagens que<br />

Cie, 1. De Or.<br />

S.Aug., Lib. 2. De lib. arb.

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