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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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24 A novela portuguesa no século XVII:<br />

Alberto e de novo mora<strong>do</strong>ra em Fossa pelo Sella em companhia <strong>do</strong>s seus pais<br />

lavra<strong>do</strong>res. Os <strong>do</strong>is romeiros, Felisberto e Dionísio, permaneceram no<br />

santuário, onde começa a novena, anuncian<strong>do</strong> o narra<strong>do</strong>r a viagem de<br />

regresso à ermi<strong>da</strong>, matéria <strong>da</strong> quarta parte:<br />

"Sau<strong>do</strong>sos ficaram os nossos <strong>do</strong>us romeiros de sua companhia, discursan<strong>do</strong><br />

sobre os perío<strong>do</strong>s vários de sua história. Onde agora os deixaremos, começan<strong>do</strong> sua<br />

novena e residentes no magnífico hospital <strong>da</strong>quela Santa Casa. E se na jorna<strong>da</strong> que<br />

para a sua ermi<strong>da</strong> fizerem outros novos sucessos derem motivos à história ain<strong>da</strong><br />

comporemos a Quarta Parte." 38<br />

Estan<strong>do</strong> os romeiros hospe<strong>da</strong><strong>do</strong>s no hospital de Recanate, viram<br />

aproximar-se Hortênsio, um mancebo em traje de cativo, que, adivinhan<strong>do</strong> o<br />

desejo <strong>do</strong>s seus hospedeiros, lhes noticiou os acidenta<strong>do</strong>s perío<strong>do</strong>s de sua<br />

vi<strong>da</strong>: Aurora, objecto <strong>do</strong>s desvelos de Hortênsio, era igualmente requesta<strong>da</strong> por<br />

Júlio Galeazzo, visan<strong>do</strong> restabelecer a paz entre ban<strong>do</strong>s contrários através <strong>do</strong><br />

seu casamento; contu<strong>do</strong>, após várias peripécias, ven<strong>do</strong>-se perdi<strong>da</strong> numa fuga<br />

e engana<strong>da</strong> por António, um dissimula<strong>do</strong> sol<strong>da</strong><strong>do</strong>, esta <strong>do</strong>nzela acabou por se<br />

casar com Dom Rodrigo de Tole<strong>do</strong>. Hortênsio, preso por roubo, depois de<br />

liberta<strong>do</strong> partiu acompanhan<strong>do</strong> D. João de Médicis para a Hungria, acaban<strong>do</strong><br />

prisioneiro <strong>do</strong>s turcos e vendi<strong>do</strong> como escravo a Zulema Ferrât. Enamora<strong>do</strong><br />

pela beleza, cortesia e afabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> filha <strong>do</strong> seu amo, Hortênsio fugiu de<br />

forma arrisca<strong>da</strong> com Zelin<strong>da</strong>. Cumprin<strong>do</strong> a promessa feita durante os<br />

momentos de maior aflição, Hortênsio peregrinou em direcção ao santuário <strong>do</strong><br />

Loreto antes de se efectuar o baptismo de Zelin<strong>da</strong> e o seu posterior<br />

recebimento 39 .<br />

Admira<strong>do</strong>s os peregrinos <strong>do</strong>s vários infortúnios de Hortênsio, viram entrar<br />

no santuário um mancebo em traje de força<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s que an<strong>da</strong>m reman<strong>do</strong> nas<br />

galés, mas sem ferros. Desperta<strong>da</strong> a compaixão <strong>do</strong>s peregrinos pelos<br />

38 Mateus RIBEIRO, Alivio de tristes e consolação de queixosos, Parte IV, p.559.<br />

39 Hortênsio termina a sua narração afirman<strong>do</strong> o valor exemplar <strong>da</strong> sua história, espelho em<br />

que se pode colher a sua lição: "Esta é, senhores, a peregrina história <strong>do</strong>s vários progressos<br />

de minha vi<strong>da</strong>, em que como em espelho se podem ver suas mu<strong>da</strong>nças, colhen<strong>do</strong> alívios a<br />

aflição e consolação a pena, para que ninguém desanime no magoa<strong>do</strong> <strong>da</strong> <strong>do</strong>r e no rigoroso <strong>do</strong><br />

sentimento, pois pode abonançar a tormenta e melhorar-se a ventura, se não falta à vi<strong>da</strong> a<br />

esperança." Mateus RIBEIRO, Alivio de tristes e consolação de queixosos, Parte IV, pp.678-9.

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