17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

890 Padre Mateus Ribeiro<br />

sentirdes tanto? Que digni<strong>da</strong>de vos acrescia? Que morga<strong>do</strong> acrescentáveis?<br />

Que riqueza agregáveis? A que maior esta<strong>do</strong> subíeis?<br />

Na<strong>da</strong> disto podeis dizer. Não digni<strong>da</strong>de ou título, porque o não há;<br />

morga<strong>do</strong>s menos, porque Lisar<strong>do</strong> só é morga<strong>do</strong>; riquezas, as que a Florisela<br />

ficam são como limitação, pois o melhor <strong>da</strong> casa no morga<strong>do</strong> se inclui; esta<strong>do</strong><br />

mais subi<strong>do</strong> não se alcança, porque em to<strong>do</strong>s fica sen<strong>do</strong> igual a nobreza com<br />

mais ou menos opulência nas ren<strong>da</strong>s: e assi na<strong>da</strong> perdestes que a sentimento<br />

vos obrigasse. Não perdestes crédito em não casardes, que muitos<br />

casamentos se tratam e não se efectuam, ou porque se mu<strong>da</strong>m as vontades,<br />

ou porque fazem mu<strong>da</strong>nça maiores conveniências.<br />

São os árbitros <strong>do</strong>s contratos os primeiros móveis <strong>da</strong>s vontades, os<br />

acre<strong>do</strong>res <strong>do</strong> gosto, os executores <strong>do</strong>s discursos, o alvo a que tiram os<br />

pretendentes, o centro em que param os desejos e finalmente a política que<br />

governa a república <strong>do</strong>s cui<strong>da</strong><strong>do</strong>s. E como as razões <strong>da</strong>s conveniências<br />

variam, logo fica ro<strong>da</strong>n<strong>do</strong> to<strong>da</strong> a esfera <strong>da</strong>s pretensões. E se me instardes que<br />

perdestes esposa <strong>da</strong> maior beleza, direi e com razão que não é Florisela o<br />

primeiro registro <strong>da</strong> fermosura, nem o estanque em que só se repartiu a beleza,<br />

que a poderosa mão <strong>do</strong> autor <strong>da</strong> natureza que lhe deu o <strong>do</strong>naire <strong>do</strong> parecer<br />

comunica suas dádivas sem limites. Porventura cria só uma rosa ou produz só<br />

uma flor? Não atendeis quantas matizam os jardins, quantas debuxam os<br />

pra<strong>do</strong>s, quantas vestem os campos?<br />

Só a Fénix se tem por única, porque ela só no mun<strong>do</strong> é singular, sen<strong>do</strong><br />

de si própria mãe e filha, causa e efeito, progenitora e primogénita, sepulcro e<br />

vi<strong>da</strong>, como dela escrevem Tertuliano 856 , S. Zeno Veronense 857 , Santo<br />

Ambrósio 858 , S. Gregório Nazianzeno 859 e outros padres, e <strong>do</strong>s autores<br />

profanos Euripides 860 , Ovídio 861 , Plínio 862 , Lucrécio 863 e outros. Só a Fénix, que<br />

856 Vet., Lib. 1. De Resur. earn.<br />

857 S. Zen., Ser. De Resur.<br />

858 S. Amb., Lib. 15 & 23. Hexam.<br />

859 S. Greg. Naz., in Carm. de preecept. ad Virg.<br />

860 ■-<br />

Eunp.<br />

861 Ov., Lib. 5. Metam.<br />

862 Plin., Lib. 10. c. 2.<br />

863 Luc, in Fect.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!