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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte IV 611<br />

pelo juízo. Na<strong>da</strong> na ver<strong>da</strong>de lhe falta mais que a ventura. E esta em vós está o<br />

fazê-lo venturoso. Não é pequeno privilégio o que lograis, em poderdes com<br />

um sim <strong>da</strong>r à vossa pátria a paz que to<strong>do</strong>s desejamos e a ele comunicar-lhe a<br />

ventura que só lhe falta. O senhor Octávio, vosso pai, como tão ajusta<strong>do</strong>,<br />

convém neste tão acerta<strong>do</strong> parti<strong>do</strong>; só falta <strong>da</strong>rdes vós a ele o consentimento<br />

como pie<strong>do</strong>sa e não menos discreta, para que Júlio vos fique deven<strong>do</strong> a vi<strong>da</strong>,<br />

Bolonha a paz, to<strong>do</strong>s a geral alegria e nós o contentamento desta jorna<strong>da</strong>, para<br />

ficar sen<strong>do</strong> tão felice como desejamos.<br />

Cap. V.<br />

Como Aurora mostrou mu<strong>da</strong>r-se <strong>do</strong> intento que tinha e <strong>do</strong> que Hortênsio sobre<br />

isso fez<br />

Deu fim Claudiano à sua prática e proposta. A quem, depois de um<br />

breve intervalo, Aurora respondeu assim:<br />

- As letras e erudição de tão insigne catedrático seriam poderosas a<br />

persuadirem, senhor Claudiano, a to<strong>do</strong>s que ouvissem o elegante estilo de sua<br />

peroração; porém em mim, como mais grosseira no entender ou por mais<br />

delica<strong>da</strong> no sentir, não chega o erudito a incitar-me os ditames de pie<strong>do</strong>sa,<br />

para que haja de receber por esposo a meu maior inimigo. É o matrimónio<br />

vínculo de amor e não condiz com meu aborrecimento, e sen<strong>do</strong> tálamo <strong>da</strong> paz,<br />

não se amol<strong>da</strong> a estímulos de guerra. E bem: Que diria quem visse, pouco<br />

disse, visse nem ain<strong>da</strong> imaginasse que houvesse de <strong>da</strong>r eu a mão de esposa à<br />

própria mão que a Aurélio, meu defunto irmão, tirou a vi<strong>da</strong>? Nunca vossa<br />

mercê advertiu na contínua lição de tantos livros que a Castor e Pólux<br />

colocaram os poetas nas estrelas pelo grande amor que se tiveram, como<br />

escreve Homero; chegan<strong>do</strong> a tanto o amor destes irmãos que, morren<strong>do</strong><br />

primeiro Castor, fingiram lhe concedera Pólux a metade de sua própria vi<strong>da</strong>,<br />

para que com ela de novo vivesse e luzisse? As estrelas Plêiades igualmente<br />

no céu os poetas colocaram, porque morreram de senti<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s contínuas<br />

lágrimas que derramaram pela morte <strong>do</strong> malogra<strong>do</strong> moço Hias, seu irmão,<br />

morto por um leão, desastra<strong>da</strong>mente, an<strong>da</strong>n<strong>do</strong> à caça. E para que me não<br />

valha de alegorias fabulosas <strong>do</strong>s poetas, trarei eu exemplos ver<strong>da</strong>deiros que

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