17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

318 Padre Mateus Ribeiro<br />

- Não me parece a mim (disse eu então), senhor Leonar<strong>do</strong>, que meu pai<br />

será tão compassivo que permita que Juliano se possa jamais gloriar de que<br />

veio a conseguir por atrevi<strong>do</strong> o que não pôde alcançar por cortês; e que<br />

man<strong>da</strong>n<strong>do</strong> roubar a minha irmã Lucin<strong>da</strong> com um tão bárbaro desaforo, como o<br />

tempo descobriu, fique sem com sua morte <strong>da</strong>r exemplo, para que outros não<br />

se atrevam a cometerem tão insolentes delitos. Pois, como ensina Marco<br />

Túlio 322 , com o castigo de um, muitas vezes se refreiam os desaforos de<br />

muitos. E Lactan<strong>do</strong> 323 diz que o <strong>da</strong>r castigo a um mau é assegurar a muitos<br />

bons.<br />

- Os que melhor discursam (respondeu Leonar<strong>do</strong>) assim o julgam. Mas<br />

como ca<strong>da</strong> um discursa conforme as inclinações, sen<strong>do</strong> estas tão diversas, não<br />

podem deixar de ser os juízos diferentes. Novas <strong>do</strong> senhor Dionísio Montal<strong>do</strong><br />

são ficar já ergui<strong>do</strong>, convalecen<strong>do</strong>, mas não ain<strong>da</strong> idóneo para a jorna<strong>da</strong>: e por<br />

essa causa não veio em nossa companhia a achar-se nos desposórios <strong>do</strong><br />

senhor Alexandre, como desejava, porque o desculpa sua fraqueza. Mas que<br />

achan<strong>do</strong>-se com mais vigor viria satisfazer a obrigação que devia.<br />

Ao que Alexandre se mostrou agradeci<strong>do</strong> e nós to<strong>do</strong>s a Leonar<strong>do</strong> pelas<br />

alegres novas que nos deu.<br />

Preparou-se o recebimento <strong>do</strong>s noivos para o dia seguinte, em que<br />

acompanha<strong>do</strong>s de pessoas autoriza<strong>da</strong>s se celebraram os desposórios com<br />

ostentação conveniente de quem eram, e ao dia seguinte me despedi deles<br />

para ir a Liorne a ver a meu pai e a Lucin<strong>da</strong>, em companhia de Dom Sancho,<br />

que quis-me acompanhar na jorna<strong>da</strong>, prometen<strong>do</strong> aos noivos e a seus pais de<br />

fazer que viesse Lucin<strong>da</strong> por Roma, para ver de caminho suas grandezas e<br />

então sermos seus hóspedes alguns dias. E com estas esperanças nos<br />

deixaram partir, divertin<strong>do</strong> as sau<strong>da</strong>des com o alvoroço <strong>da</strong> promessa.<br />

Cap. XX.<br />

Da jorna<strong>da</strong> que fizemos a Liorne e <strong>do</strong> que nos sucedeu<br />

Cie, Pro Rose.<br />

Lactant., De ira dei.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!