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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte IV 665<br />

entregues aos mouros no tirano tributo que se lhes pagava, se cortaram as<br />

mãos, para não serem força<strong>da</strong>s a tal entrega. O capitão Norbano, fugin<strong>do</strong> em<br />

Rodes <strong>do</strong> furor e cruel<strong>da</strong>de <strong>do</strong> dita<strong>do</strong>r Lúcio Sila, ven<strong>do</strong> que os rodianos em<br />

lugar de o ampararem, o queriam constranger a que a Sila se entregasse, se<br />

matou a punhala<strong>da</strong>s com suas próprias mãos na praça de Rodes, converten<strong>do</strong><br />

o terror com que fugia em desesperação por se não entregar. O filósofo Zeno,<br />

ven<strong>do</strong> que o cruel Fálaris, tirano de Agrigento, o man<strong>da</strong>va atormentar para que<br />

confessasse os conjura<strong>do</strong>s que conspiraram contra ele, com os dentes se<br />

cortou a própria língua, só por que o tirano visse quanto estava isento de ser<br />

constrangi<strong>do</strong> a publicar o que manifestar não queria. E de muitos trágicos<br />

exemplos causa<strong>do</strong>s <strong>da</strong> violência contra os privilégios livres <strong>da</strong> vontade tratam<br />

largamente as Histórias <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Sen<strong>do</strong> pois tão arrisca<strong>do</strong> o violento aos despenhos de um infortúnio,<br />

estra<strong>da</strong> fatal para o lamentável <strong>do</strong> <strong>da</strong>no, gravemente intolerável para o coração<br />

de tristezas combati<strong>do</strong>, lei que promulga a força contra os privilégios e foros<br />

naturais <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de, como se pode esperar que sejam acerta<strong>do</strong>s os fins,<br />

sen<strong>do</strong> tão erra<strong>do</strong>s os meios? Tu, Zulema, podes viver sem favores de Sinão,<br />

pois tens tanto com que passar a vi<strong>da</strong>; mas, sem tua filha, de que te podem<br />

servir nem as riquezas que possuis, nem cargos que te prometam, que se para<br />

ela desejas tu<strong>do</strong>, sem ela para que queres na<strong>da</strong>? Com ela tu<strong>do</strong> te sobra e sem<br />

ela tu<strong>do</strong> te falta; e sen<strong>do</strong> o primeiro móvel de teu amor, para que queres<br />

retrogra<strong>da</strong>r seu movimento a que aceite contra seu gosto esposo que não<br />

condiz com sua vontade? E sempre podes <strong>da</strong>r por desculpa a quem o<br />

casamento te pede, que este depende <strong>da</strong> vontade alheia e não <strong>da</strong> tua.<br />

Cap. XII.<br />

Do que mais passou sobre o casamento de Zelin<strong>da</strong> e como ela se deliberou a<br />

fugir de casa com Hortênsio<br />

Suspenso me ouviu Zulema e conheceu que lhe aconselhava o mais<br />

conveniente, e com mostras de agradeci<strong>do</strong> me despediu. Porém temia tanto o<br />

ambicioso turco cair na desgraça <strong>do</strong> vali<strong>do</strong> que não se deliberava no que<br />

seguiria; e assim nesta confusão indetermina<strong>do</strong>, como nau combati<strong>da</strong> de

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