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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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142 Padre Mateus Ribeiro<br />

Gélio 193 : Que não <strong>da</strong>va tantas graças aos deuses por lhe haverem <strong>da</strong><strong>do</strong> a<br />

Alexandre por filho, quanto os gratificava por lho haverem <strong>da</strong><strong>do</strong> em tempo que<br />

pudesse ser discípulo de tal mestre! Felices foram sem dúvi<strong>da</strong> os tempos <strong>do</strong><br />

império de Marco Aurélio em que os sábios e <strong>do</strong>utos tão estima<strong>do</strong>s foram e<br />

tanto floreceram; porque conhecia muito bem o prudente monarca que em<br />

tanto a glória e aumento de seu império durariam enquanto a sabe<strong>do</strong>ria <strong>do</strong>s<br />

<strong>do</strong>utos os lugares de seu governo ocupasse e como Atlante sustentasse o<br />

peso de tão agiganta<strong>da</strong> monarquia; pois não somente no governo político <strong>da</strong><br />

paz, mas juntamente no militar <strong>da</strong> guerra, mais obra um só sábio e prudente <strong>do</strong><br />

que muitos sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s ou capitães valentes se forem ignorantes. Bastante foi<br />

somente a sabe<strong>do</strong>ria e prudente juízo de Marco Túlio para livrar Roma, sua<br />

pátria, <strong>da</strong> conjuração de Catilina, castigan<strong>do</strong> a sua temeri<strong>da</strong>de a que<br />

porventura não <strong>da</strong>riam fim tão venturoso muitos <strong>do</strong>s esforça<strong>do</strong>s capitães <strong>do</strong><br />

império. Maior guerra fazia o insigne ora<strong>do</strong>r Demóstenes com sua eloquência<br />

contra Filipe, rei de Macedónia, em defensão de Atenas, que os muitos<br />

exércitos arma<strong>do</strong>s que em Grécia contra sua ambição combatiam. E com ser<br />

isto assim, não sei a que atribua que no século presente haven<strong>do</strong> de ser os<br />

sábios e <strong>do</strong>utos a to<strong>do</strong>s preferi<strong>do</strong>s e aventaja<strong>do</strong>s, de ordinariamente sejam os<br />

menos premia<strong>do</strong>s e favoreci<strong>do</strong>s. Já algumas vezes me pareceu que seria a<br />

causa o não saberem ser adula<strong>do</strong>res, pensão mui ordinária de pertendentes e<br />

ambiciosos que lhes impôs a soberba <strong>do</strong>s priva<strong>do</strong>s ou a tibieza <strong>do</strong>s príncipes<br />

que muitas vezes governam. Lá se conta de Aristipo que ven<strong>do</strong> uma hora ao<br />

sábio Diógenes levan<strong>do</strong> umas ervas para sustentar-se lhe disse que se ele<br />

quisera adular a Dionísio, tirano de Sicília, não passara a vi<strong>da</strong> com iguaria tão<br />

tosca e grosseira; ao que Diógenes lhe respondeu que se Aristipo com ela<br />

quisera sustentar-se, como ele fazia, não lisonjeara ao tirano, contra o que<br />

convinha ao seu decoro. Bem pudera Platão privar com ele, se o adulara;<br />

porém esteve em risco de perder a vi<strong>da</strong>, porque lhe tratou desenganos.<br />

Demóstenes e Cícero voluntariamente se desterraram, um de Atenas, outro de<br />

Roma, sen<strong>do</strong> falsamente acusa<strong>do</strong>s por invejosos, por não serem constrangi<strong>do</strong>s<br />

a orar em sua defesa, como tinham feito defenden<strong>do</strong> a tantos, julgan<strong>do</strong> por<br />

indecência serem ora<strong>do</strong>res <strong>da</strong> própria vi<strong>da</strong>; e antes se quiseram desterrar que<br />

Aul. Gel., Lib. 9. cap.3.

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