17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte II 341<br />

mesma leva a nobreza, como ensina Aristóteles , mais podeis vós <strong>do</strong>urar e<br />

ilustrar o escuro de seu pobre exercício <strong>do</strong> que ele escurecer as luzes de vossa<br />

adquiri<strong>da</strong> nobreza. Pois o empera<strong>do</strong>r Justiniano deu título de pai ao<br />

jurisconsulto Ulpiano, sen<strong>do</strong> tão desiguais, só pelo lustre <strong>da</strong> sabe<strong>do</strong>ria.<br />

Querer granjear luzes <strong>do</strong>s abatimentos alheios é vileza de pouco<br />

merecer. Quan<strong>do</strong> a lua se eclipsa nunca aparece o sol, que como monarca <strong>do</strong>s<br />

astros não era bizarria de seus resplan<strong>do</strong>res parecer que então luzia quan<strong>do</strong><br />

outros se eclipsavam; e assim não é lanço <strong>da</strong> prudência fazer cabe<strong>da</strong>l de<br />

émulos que, por pouco que luzem, se valem de alheias sombras; que, como diz<br />

Plutarco 343 , redun<strong>da</strong>m em prejuízo <strong>do</strong>s próprios que as dizem. Ser despreza<strong>do</strong><br />

<strong>do</strong>s néscios é ser louva<strong>do</strong>, disse Prasmo. Porque não é desestimação <strong>do</strong><br />

diamante que o despreze quem seu valor não conhece.<br />

Ain<strong>da</strong> não acabastes os estu<strong>do</strong>s e já vos queixais <strong>do</strong>s prémios?<br />

Prossegui para merecer que o galardão não vos faltará. Não vos desanime a<br />

pobreza <strong>do</strong> nascimento, nem a humil<strong>da</strong>de <strong>da</strong> criação; alente-vos o nobre <strong>da</strong><br />

ocupação, pois quan<strong>do</strong> a professastes de novo na academia nascestes.<br />

Lavra<strong>do</strong>r e pobre era Glauco e porque nos jogos Olímpicos ganhou vinte e<br />

cinco coroas, lhe puseram estátua no templo de Júpiter; e não foi bastante a<br />

humil<strong>da</strong>de de seu nascimento e exercício para roubar-lhe a glória <strong>do</strong>s<br />

merecimentos. Nem sempre se vos há-de antepor o poder, nem adiantar a<br />

riqueza, nem preferir o valimento para vos tirarem a remuneração; também<br />

alguma vez lugar há-de ter, amparan<strong>do</strong>-vos a justiça e valen<strong>do</strong>-vos a razão. E<br />

quan<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> o maior poder fizesse negar-vos o lugar e prémio que ao<br />

merecimento se deve, servir-vos-á de louvor <strong>da</strong>rdes a resposta que deu Catão<br />

quan<strong>do</strong> lhe perguntavam por que sen<strong>do</strong> ele em tu<strong>do</strong> tão insigne, não tinha<br />

estátua no sena<strong>do</strong> de Roma, como outros tinham. A que ele respondeu:<br />

- Antes quero que se diga: Por que Catão não tem estátua no sena<strong>do</strong>?<br />

Do que dizer-se: Por que puseram estátua no sena<strong>do</strong> a Catão? Porque na<br />

primeira pergunta abona-se o merecimento e se estranha a falta <strong>da</strong><br />

remuneração. E na segun<strong>da</strong> conhece-se o prémio, mas ignora-se o<br />

Arist., apud Dion. Lib. 6.<br />

Plutarc, De utilit. cap. ab. ini.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!