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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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166 Padre Mateus Ribeiro<br />

Lá disse Tito Lívicr^ que o sucesso <strong>da</strong> guerra era o juiz justo dela;<br />

parecer que aprovou S. Bernar<strong>do</strong> 233 , que de guerra justa e bem ordena<strong>da</strong> não<br />

podia ser o fim calamitoso; o que se viu nesta ocasião: porém não sempre é<br />

infalível esta regra quan<strong>do</strong> Deus Senhor nosso por seus ocultos juízos permite<br />

muitas vezes o contrário, como se tem visto em muitas batalhas entre cristãos<br />

e turcos, entre católicos e hereges, assim nos tempos passa<strong>do</strong>s, como em<br />

nossa i<strong>da</strong>de, aonde Deus permitiu que os inimigos de seu nome ficassem<br />

vence<strong>do</strong>res: segre<strong>do</strong>s são que nosso discurso não alcança, porém nossa fé<br />

por justos e acerta<strong>do</strong>s venera.<br />

Ven<strong>do</strong>-se o conde perdi<strong>do</strong>, se retirou o melhor que pôde à fortaleza de<br />

Dombar e <strong>da</strong>í se embarcou em alguns navios, com os quais começan<strong>do</strong> a<br />

piratear os mares, infestan<strong>do</strong> como cossário não somente aos navegantes,<br />

mas também as costas marítimas de Escócia, foi preso e cativo <strong>da</strong>s arma<strong>da</strong>s<br />

d'el-rei de Dinamarca, aonde foi leva<strong>do</strong> prisioneiro e dizem acabou a vi<strong>da</strong>. Os<br />

senhores <strong>do</strong> reino que vitoriosos ficaram prenderam a rainha Maria Estuar<strong>da</strong><br />

fazen<strong>do</strong>-lhe renunciar to<strong>do</strong> o direito que ao reino tivesse e à coroa dele, ao rei<br />

menino seu filho solenemente o coroarão por rei de Escócia e à rainha<br />

desterraram para Lochlivin, ilha quatro milhas distante <strong>da</strong> terra firme e quarenta<br />

<strong>da</strong> corte de Edimburgo: no qual desterro e solidão viveu Maria Estuar<strong>da</strong> algum<br />

tempo triste e desgostosa, sen<strong>do</strong> guar<strong>da</strong><strong>da</strong> com notável cui<strong>da</strong><strong>do</strong> e vigilância<br />

grande para que dessa ilha não saísse.<br />

Porém an<strong>da</strong>n<strong>do</strong> tempo e sen<strong>do</strong> secretamente favoreci<strong>da</strong> de alguns<br />

senhores <strong>do</strong> reino, teve mo<strong>do</strong> com que fugiu <strong>da</strong> prisão em que na dita ilha a<br />

tinham e se embarcou para França; mas como seus infortúnios iam em<br />

crecimento, persegui<strong>da</strong> de um temporal forte, deu na costa de Inglaterra, aonde<br />

<strong>da</strong> rainha Isabel foi feita prisioneira, que a man<strong>do</strong>u a uma fortaleza chama<strong>da</strong><br />

Ponfre que fica situa<strong>da</strong> à parte setentrional de Inglaterra, para ser notável<br />

exemplo <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças <strong>da</strong> fortuna e prosperi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> humana, como<br />

veremos. Nesta mais propriamente prisão que retiro viveu a rainha alguns anos<br />

sem liber<strong>da</strong>de, até que no ano de mil e quinhentos e setenta e um, que é o<br />

Tit. Liv., Lib. 1. Decad. 3.<br />

Bernard, De nova milit.

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