17.04.2013 Views

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

1060 Padre Mateus Ribeiro<br />

Bolonha algumas léguas para uma quinta a sentirem seus pesares, aonde<br />

agora assistem, sentin<strong>do</strong> duplica<strong>da</strong>s as tristezas, assim pela per<strong>da</strong> <strong>do</strong> filho<br />

como por verem impossibilita<strong>do</strong> o castigo que desejavam.<br />

Ven<strong>do</strong> eu as cousas reduzi<strong>da</strong>s à sereni<strong>da</strong>de presente, me parti para a<br />

quinta de Bom <strong>Porto</strong> para visitar a Carlos e a Frederico e ver se descobria<br />

alguma mu<strong>da</strong>nça de que pudesse avisar-vos, pois como diz Demóstenes 1183 ,<br />

tu<strong>do</strong> <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> a mu<strong>da</strong>nça está sujeito. Fui recebi<strong>do</strong> deles com grande alegria, e<br />

mais quan<strong>do</strong> lhes referi o assento que no conselho de Bolonha se tomara<br />

sobre o seu retiro, de que se mostraram mui contentes. Estava Carlos<br />

melhoran<strong>do</strong> <strong>da</strong>s feri<strong>da</strong>s com a contínua assistência que os cirurgiões de<br />

Módena lhe faziam e por se ver contente e alegre em sua liber<strong>da</strong>de na sua<br />

própria quinta, pois a alegria é grande parte para adquirir a saúde. Algumas<br />

vezes o tinha visita<strong>do</strong> Raimun<strong>do</strong> pessoalmente, man<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-lhe regalos<br />

contínuos <strong>da</strong> corte, celebran<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s não menos seu grande valor na empresa<br />

<strong>do</strong> que a cui<strong>da</strong><strong>do</strong>sa liberali<strong>da</strong>de com que lhes assistia, e eu, pelo que sabia de<br />

seu amor para com Fenisa, assim o cria. No dia que eu cheguei à quinta de<br />

Bom <strong>Porto</strong>, vin<strong>do</strong> Bernardino visitar a Carlos <strong>da</strong> parte de Raimun<strong>do</strong>, de quem<br />

tive cabal informação de quanto no retiro de Carlos referi<strong>do</strong> tenho, e a quem eu<br />

noticiei o assento que pelo voto <strong>do</strong> <strong>do</strong>utor Justiniano no conselho, em presença<br />

<strong>do</strong> cardeal governa<strong>do</strong>r, se tinha decreta<strong>do</strong>, de que Bernardino se mostrou<br />

contente e a Justiniano obriga<strong>do</strong>, assistíamos ambos na camera de Carlos com<br />

Constantino e Fenisa, em quem a mu<strong>da</strong>nça <strong>do</strong>s ares em na<strong>da</strong> tinha ofendi<strong>do</strong><br />

os atributos incomparáveis <strong>da</strong> beleza. Louvou tanto Bernardino o valor singular<br />

de Raimun<strong>do</strong> e o empenho a que se arriscara por livrá-los que to<strong>do</strong>s aplaudiam<br />

e a que se confessavam mui deve<strong>do</strong>res, que vin<strong>do</strong> eu a falar em vós, que a<br />

Carlos a vi<strong>da</strong> livrastes, matan<strong>do</strong> a seu contrário, perden<strong>do</strong> a Bolonha para<br />

sempre e cobran<strong>do</strong> tão poderosos contrários, respondeu Fenisa:<br />

- Ele em Bolonha pouco tinha que perder, e se seus contrários são<br />

poderosos, mais poderoso é o príncipe Raimun<strong>do</strong>, que assim como nos livrou a<br />

nós, também poderá livrá-lo a ele.<br />

Esta foi a resposta de Fenisa. Pareceu-me a resposta duvi<strong>do</strong>sa, por se<br />

avaliar a meu juízo por mais agradeci<strong>da</strong> <strong>do</strong> que afeiçoa<strong>da</strong>. Dous dias estive na<br />

Dem., in Arg. lib.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!