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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte V 847<br />

podia ser o pesar para tirar-vos a vi<strong>da</strong> <strong>do</strong> que foram poderosas as balas para<br />

ocasionar-vos a morte.<br />

É a recor<strong>da</strong>ção, diz Platão 798 , uma palestra em que os discursos argúem<br />

com a memória sobre as operações bem ou mal emprega<strong>da</strong>s, comparan<strong>do</strong> o<br />

tempo presente com o passa<strong>do</strong>; e seria bastante para causar a mais intolerável<br />

pena a recor<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> que no estu<strong>do</strong> despendestes e o mal que o<br />

empregastes. E quan<strong>do</strong> não vos excitasse à emen<strong>da</strong> de vi<strong>da</strong> tão distraí<strong>da</strong>, ao<br />

menos o pejo de obras tão indecorosas vos movesse a não executar, como diz<br />

Séneca 799 , o vilipêndio escan<strong>da</strong>loso <strong>da</strong> fama de vossos pais e de vossa pátria.<br />

Honrar aos pais é preceito divino e mal os pode honrar quem os desautoriza<br />

com suas obras, queren<strong>do</strong> que sejam odiosos ao povo e estima<strong>do</strong>s com<br />

desprezo por pais de tão infama<strong>do</strong> filho. Man<strong>do</strong>u o sena<strong>do</strong>r romano Lúcio<br />

Antonino matar a seu próprio filho Fúlvio por se ajuntar ao sedicioso Lúcio<br />

Catilina na conjuração que contra Roma intentou, dizen<strong>do</strong> que se pelos insultos<br />

de seu filho ele se havia de ver desonra<strong>do</strong> e entre os sena<strong>do</strong>res abati<strong>do</strong>, mais<br />

decoroso lhe era o carecer de um filho perverso e desobediente <strong>do</strong> que viver<br />

de to<strong>do</strong>s mal visto e despreza<strong>do</strong> por conservar a vi<strong>da</strong> de um filho escan<strong>da</strong>loso.<br />

É a pátria a segun<strong>da</strong> mãe que nos cria e a quem devemos as obrigações<br />

mais dignas de a respeitarmos, defendermos e honrarmos. Poderoso e<br />

favoreci<strong>do</strong> <strong>do</strong> monarca Artaxerxes vivia em Pérsia Temístocles desterra<strong>do</strong> de<br />

Atenas, sua ingrata pátria; e porque o persiano rei lhe man<strong>do</strong>u se preparasse<br />

para vir por general de seu exército a fazer guerra a Atenas, de quem tão<br />

justamente agrava<strong>do</strong> vivia, ele se matou com veneno por não vir hostilmente a<br />

ofender sua pátria, conhecen<strong>do</strong> que era obrigação de filho autorizá-la e não<br />

oprimi-la. Entran<strong>do</strong> Augusto César por conquista na ci<strong>da</strong>de de Alexandria, e<br />

levan<strong>do</strong> pela mão ao filósofo Ario, disse que por amor de tal filho a não destruía<br />

e per<strong>do</strong>ava as vi<strong>da</strong>s aos alexandrinos. E o grande Alexandre man<strong>do</strong>u edificar<br />

de novo a arruina<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de Estagirites, aonde Aristóteles nasceu, por honra<br />

e memória <strong>do</strong> filósofo seu mestre. Valério Máximo 800 diz que é emparelha<strong>do</strong><br />

empenho <strong>da</strong> generosi<strong>da</strong>de ou acrescentar à pátria o esplen<strong>do</strong>r e majestade ou,<br />

Plat., in Defin.<br />

Senec, Ep. 25.<br />

Vai. Maxim., Lib. 2.

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