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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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470 Padre Mateus Ribeiro<br />

como se provava sermos os homici<strong>da</strong>s de Lu<strong>do</strong>vico, ven<strong>do</strong> que descoberta a<br />

morte, e sen<strong>do</strong> tão poderosas as partes, em to<strong>da</strong> a França não estávamos<br />

seguros, nos embarcámos em uma nau que ia para Veneza, assim para ver<br />

novos reinos, como para nos assegurarmos de quem intentasse prender-nos.<br />

Cap. XV.<br />

Em que Raimun<strong>do</strong> prossegue seus discursos<br />

Com próspero vento partimos <strong>do</strong> porto de Marselha eu e Félis,<br />

engolfan<strong>do</strong>-nos em pouco espaço e seguin<strong>do</strong> a derrota de nossa navegação,<br />

não se entenden<strong>do</strong> em nós o que diz o Séneca: que a ambição é o motivo de<br />

navegar os mares, esquecen<strong>do</strong>-se <strong>da</strong>s tormentas quem <strong>da</strong>s on<strong>da</strong>s se fia; pois<br />

nem nos obrigava ambição a embarcar-nos, nem <strong>da</strong>s borrascas <strong>do</strong> mar íamos<br />

tão seguros que as não temêssemos; foi-nos o tempo favorável, que<br />

experimentá-lo sereno não é pequena ventura, sen<strong>do</strong> nas navegações sua<br />

própria natureza tão mudável; e haven<strong>do</strong> navega<strong>do</strong> alguns dias, quan<strong>do</strong><br />

passan<strong>do</strong> à vista de Sicília queríamos <strong>do</strong>brar o cabo de Otranto para entrarmos<br />

no golfo de Veneza, nos vieram acometer duas naus de mouros com tanta<br />

resolução, sain<strong>do</strong> <strong>da</strong> ensea<strong>da</strong> que faz o mar neste sítio, que por elas serem<br />

ligeiras e empenha<strong>da</strong>s em investir-nos, não podemos desviar-nos e assim foi<br />

força o pelejar para nos defendermos.<br />

Era o nosso capitão um valeroso francês, que se chamava Lotário, mui<br />

experimenta<strong>do</strong> nas militares empresas <strong>da</strong>s guerras de França, em que obrou<br />

sempre de sorte que foi conheci<strong>do</strong> pelo valor que mostrou, não só <strong>do</strong>s naturais<br />

que o invejaram, mas também <strong>do</strong>s contrários que o temeram. E como era tão<br />

alenta<strong>do</strong> e se prezava mais de acometer que de ser acometi<strong>do</strong>, tomou por<br />

pun<strong>do</strong>nor de sol<strong>da</strong><strong>do</strong> o não desviar-se <strong>da</strong> batalha, que ain<strong>da</strong> largan<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o<br />

velame porventura pudéramos declinar se o capitão Lotário o permitira. Lá<br />

disse Euripides que o ânimo destemi<strong>do</strong> se pejava de obrar as empresas aonde<br />

faltassem testemunhas de seu valor. Tal resposta deu o grande Alexandre a

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