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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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120 Padre Mateus Ribeiro<br />

parciali<strong>da</strong>des; estas, porém, não poden<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> escusar-se, fizeram que o<br />

povo se entregasse a Roberto, rei de Nápoles, em cujo <strong>do</strong>mínio esteve<br />

dezassete anos, tempo em que as intestinas discórdias nas mais antiguas e<br />

ilustres famílias foram varian<strong>do</strong> magistra<strong>do</strong>s, elegen<strong>do</strong> duques já de uma<br />

família, já de outra, té se sujeitarem ao duque de Milão, tempo em que em Itália<br />

começaram aqueles escan<strong>da</strong>losos ban<strong>do</strong>s de Guelfos e Gibelinos que como<br />

mal contagioso foram inficionan<strong>do</strong> a maior parte dela e toman<strong>do</strong> força em<br />

Génova como ci<strong>da</strong>de idónea a admitir to<strong>da</strong>s as novi<strong>da</strong>des e mu<strong>da</strong>nças, de<br />

mo<strong>do</strong> se arreigaram tão cruentas parciali<strong>da</strong>des que o povo se pôs na protecção<br />

de Carlos VII, rei de França. Este é que man<strong>do</strong>u governa<strong>do</strong>res franceses;<br />

passa<strong>do</strong>s treze anos, foram <strong>do</strong>s genoveses rejeita<strong>do</strong>s, tornan<strong>do</strong> à obediência<br />

<strong>do</strong>s duques de Milão. Nem aqui parou ou fez assento firme a contínua<br />

mu<strong>da</strong>nça de seu governo, antes dentro em pouco tempo tornaram os<br />

genoveses a eleger governa<strong>do</strong>r ou duque de seus mesmos ci<strong>da</strong>dãos, em que<br />

entraram as inimizades de A<strong>do</strong>rnos e Fregosos com as muitas discórdias que<br />

seus anais referem. Finalmente, por abreviar tantas varie<strong>da</strong>des e mu<strong>da</strong>nças,<br />

depois de serem por diversas vezes sujeitos d'el-rei de França e se haverem (a)<br />

isenta<strong>do</strong> de seu <strong>do</strong>mínio, arruinan<strong>do</strong> aquela insigne fortaleza chama<strong>da</strong> a Bri<strong>da</strong>,<br />

que Luís XII de França edificou junto ao porto de Génova para os ter sujeitos,<br />

deram ultimamente (b) obediência ao empera<strong>do</strong>r Carlos V em tempo de André<br />

Dória, seu almirante, que absolutamente como superintendente <strong>do</strong> governo<br />

administrava tu<strong>do</strong> neste tempo.<br />

Sucedeu que o conde João Luís de Fiesco, meu tio, mancebo de florente<br />

i<strong>da</strong>de, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de grande e rico esta<strong>do</strong>, em extremo aceito ao povo de Génova<br />

pelas muitas partes que o enobreciam, assim de valor como de descrição e<br />

nobreza, não poden<strong>do</strong> sofrer o absoluto <strong>do</strong>mínio que o príncipe Dória na<br />

república tinha como almirante e lugar-tenente <strong>do</strong> empera<strong>do</strong>r que a<br />

senhoreava, tratou de se apoderar <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, toman<strong>do</strong> a voz d'el-rei de França,<br />

a quem se sentia obriga<strong>do</strong> por favores que os Fiescos dele receberam quan<strong>do</strong><br />

a senhoria de Génova tinha. Não era esta mu<strong>da</strong>nça de governo que o conde<br />

afectava causa<strong>da</strong> de algum ódio que ao príncipe Dória tivesse, pois lhe era<br />

Manteremos as formas <strong>do</strong> verbo Haver no plural, com o senti<strong>do</strong> de Ter ou Existir.<br />

Equivalente a por último, finalmente.

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