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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte I 213<br />

missas se celebram. Não muito distante se mostra uma fonte de licor precioso<br />

e sempre manancial, <strong>da</strong> qual to<strong>do</strong>s se aproveitam em suas necessi<strong>da</strong>des,<br />

aflições e enfermi<strong>da</strong>des por remédio certo e proveitoso para conseguir saúde<br />

nelas. À mão esquer<strong>da</strong> ficam outras capelas e altares em que também se<br />

celebram missas, entre os quais há <strong>do</strong>us que também é tradição de serem<br />

feitos milagrosamente. É o pavimento deste milagroso templo de mármores<br />

brancos e vermelhos: há nele uma fermosa cruz de transparente cristal, <strong>da</strong> qual<br />

é tradição ser juntamente acha<strong>da</strong> nesse milagroso santuário em sua invenção<br />

e aparecimento.<br />

Aqui ouviram a última missa com muita devoção o Ermitão e o<br />

Peregrino, e depois de verem vagarosamente to<strong>da</strong>s as cousas dignas de se<br />

saberem que neste santuário havia, sain<strong>do</strong> fora dele viram um bosque que<br />

vezinho estava quasi sobre a entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> cova, tão abun<strong>da</strong>nte de copa<strong>da</strong>s<br />

árvores e tão viçoso que o Peregrino se admirou, consideran<strong>do</strong> que o monte<br />

em muita distância outras árvores não tinha. E perguntan<strong>do</strong> ao Ermitão a<br />

causa, ele lhe disse como este bosque era dedica<strong>do</strong> ao S. Arcanjo e por esta<br />

razão, com estarem as raízes de tão grandes e copa<strong>da</strong>s árvores sobre viva<br />

rocha, estava continuamente tão verde e aprazível, a quem os homens ofender<br />

ou diminuir não se atrevem com temor de serem castiga<strong>do</strong>s, como se conta<br />

que o foi no ano de mil e quatrocentos e noventa e quatro um sol<strong>da</strong><strong>do</strong> de<br />

Carlos VIII, rei de França, que conquistou este reino, o qual sol<strong>da</strong><strong>do</strong> francês,<br />

cortan<strong>do</strong> com atrevi<strong>da</strong> temeri<strong>da</strong>de uma <strong>da</strong>s árvores deste bosque, foi<br />

subitamente morto em pena de sua ousadia.<br />

- Não me maravilho (disse o Peregrino) que os bosques e lugares<br />

dedica<strong>do</strong>s aos santos anjos sejam com to<strong>do</strong> o respeito e decência trata<strong>do</strong>s<br />

ain<strong>da</strong> com o temor <strong>do</strong> castigo, quan<strong>do</strong> o mesmo demónio com os rigores que<br />

usava se queria fazer respeitar nos lugares em que pelos idólatras a usurpa<strong>da</strong><br />

a<strong>do</strong>ração se lhe oferecia.<br />

De Cambises, poderoso rei de Pérsia, se conta que depois de ver<br />

conquista<strong>do</strong> ao Egipto determinou assolar e destruir o templo de Ammonna<br />

Líbia, tão celebra<strong>do</strong> por seus oráculos, para o qual efeito man<strong>do</strong>u um exército<br />

de cinquenta mil infantes escolhi<strong>do</strong>s, com ordem para que abrasassem o<br />

oráculo de Júpiter Ammon e seu sacro e intacto bosque, não deixan<strong>do</strong> cousa<br />

alguma que não destruíssem e assolassem, e porém o demónio, que no í<strong>do</strong>lo

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