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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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Alívio de tristes e consolação de queixosos - Parte II 299<br />

vi<strong>da</strong> e o viam já ancião para sofrer os rigores <strong>da</strong> penitência, ele os ameaçou<br />

que se não o quisessem admitir por companheiro, o experimentariam saltea<strong>do</strong>r<br />

que roubaria o mosteiro e os passaria à espa<strong>da</strong>. De cujos ameaços eles<br />

intimi<strong>da</strong><strong>do</strong>s o aceitaram, vestin<strong>do</strong>-lhe o hábito, no qual viveu com tal aspereza<br />

de penitência, lágrimas de suas culpas e obras de heróicas virtudes que<br />

floreceu depois de sua morte com grandes milagres que Deus Nosso Senhor<br />

obrou por ele.<br />

Com a eficácia destes exemplos de sorte se demoveu o coração de<br />

Frederico e com as exortações que o sábio penitenciário lhe fez, lembran<strong>do</strong>-lhe<br />

o muito que tinha que agradecer à divina bon<strong>da</strong>de a paciência com que o tinha<br />

sofri<strong>do</strong>, a larga espera que lhe havia <strong>da</strong><strong>do</strong>, os perigos <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de que o havia<br />

livra<strong>do</strong> e os perigos <strong>da</strong> alma em que se poderia ter visto, condenan<strong>do</strong>-se<br />

eternamente, morren<strong>do</strong> em os peca<strong>do</strong>s de tão dissoluta vi<strong>da</strong>, escân<strong>da</strong>lo <strong>do</strong><br />

reino e terror <strong>do</strong>s caminhos, tantos roubos injustos nos passageiros e tantas<br />

violências por seus sol<strong>da</strong><strong>do</strong>s executa<strong>da</strong>s, tão pouca lembrança <strong>do</strong> céu, tão<br />

endureci<strong>do</strong>s pensamentos na terra, tantas ocasiões de sua salvação perdi<strong>da</strong>s e<br />

tantas de sua perdição busca<strong>da</strong>s; que ele enfim, como bem entendi<strong>do</strong>, de to<strong>do</strong><br />

caiu na conta para fazer contas com sua alma, e mediante a graça divina que<br />

com sua eficácia obra suave e poderosamente, se mu<strong>do</strong>u de maneira que a<br />

to<strong>do</strong>s nos deixou alegres e invejosos de o imitar. Eram em sua mãe tantas as<br />

lágrimas de alegria como de antes tinha chora<strong>do</strong> de tristeza.<br />

Entretanto se buscaram as casas acomo<strong>da</strong><strong>da</strong>s ao intento e se<br />

prepararam com o adereço que convinha; houveram-se as licenças para o<br />

recebimento, cortaram-se galas e só se esperava a chega<strong>da</strong> de Sigismun<strong>da</strong>,<br />

que era a mãe de Eugenia, para se solenizarem as bo<strong>da</strong>s, que por isso se<br />

dilataram alguns dias. Chegou enfim acompanha<strong>da</strong> de alguns parentes,<br />

alvoroça<strong>da</strong> com o desejo de ver a sua filha, a quem uma amorosa pie<strong>da</strong>de<br />

roubara de seus olhos; e depois de chorar com ela enterneci<strong>da</strong>s lágrimas de<br />

alegria de a tornar a ver, e tão bem emprega<strong>da</strong> em tal esposo, deu por bem<br />

emprega<strong>da</strong>s as moléstias passa<strong>da</strong>s a troco <strong>da</strong>s alegrias presentes.<br />

Perguntaram-lhe as novas <strong>do</strong> que havia passa<strong>do</strong> em Nápoles depois de sua<br />

fugi<strong>da</strong> e que novas havia <strong>da</strong>s galés e de Lucin<strong>da</strong>. Ao que respondeu Leonar<strong>do</strong>,<br />

um primo de Sigismun<strong>da</strong> que com outros parentes a acompanharam, pessoa

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