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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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918 Padre Mateus Ribeiro<br />

os anos que contigo assisto, caliginosa noite é para mim o deixar-te; e só terei<br />

por aurora quan<strong>do</strong> logre a ventura de tornar a ver-te.<br />

Eu, se não partir com este cargo à presença de teu pai, <strong>da</strong>rei motivos ao<br />

aborrecimento <strong>do</strong>s que com tanto afecto me elegeram, queren<strong>do</strong> confiar de<br />

mim o felice despacho de sua embaixa<strong>da</strong>, antes que o moroso <strong>da</strong> dilação em<br />

renderem a seu senhor a devi<strong>da</strong> obediência possa provocar em seu <strong>da</strong>no o<br />

formidável <strong>da</strong>s armas imperiais tantas vezes vence<strong>do</strong>ras; e com o escusar-me<br />

eu tantas vezes de uma embaixa<strong>da</strong> tão justa, poderão julgar minhas escusas<br />

terem a origem no temor de aparecer à vista <strong>do</strong> monarca, de que se podem<br />

seguir maiores riscos se a outro elegerem, que talvez em sua presença possa<br />

noticiar nossa peregrina assistência neste sítio; e maior acerto parece o ser eu<br />

quem possa com prudência encobrir-me <strong>do</strong> que expor-me ao arbítrio de outro,<br />

que talvez sem o procurar incautamente manifestar-me possa. Pelo que,<br />

Eurides, a sorte lançou a conveniência, não o desejo; tirou a sorte a<br />

necessi<strong>da</strong>de e não o gosto, pois este em ti como em seu centro vive, não ten<strong>do</strong><br />

inveja ao maior monarca, nem ao trono mais altivo quan<strong>do</strong> contigo vivo, sen<strong>do</strong><br />

tu só a majestade que meu amor venera.<br />

Muitas vezes entretém em uma vi<strong>da</strong> com a incerteza o penoso de uma<br />

mágoa; para que é celebrar vésperas de sentimento ao que pode suceder ser<br />

festivo dia de alegria? Se César intimi<strong>da</strong><strong>do</strong> <strong>do</strong>s protestos rigorosos <strong>do</strong> sena<strong>do</strong><br />

não passara a corrente <strong>do</strong> rio Rubicão que lhe estava proibi<strong>do</strong>, nunca chegara<br />

a ser o primeiro empera<strong>do</strong>r <strong>da</strong> monarquia romana. Até agora não temos de que<br />

nos queixar <strong>da</strong> ventura; permite, Eurides, ver o fim com que nos trata: que<br />

quan<strong>do</strong> suce<strong>da</strong> ser com os disfavores que temes, o que Deus não permita,<br />

sempre nos ficará livre o cabe<strong>da</strong>l <strong>da</strong>s vozes para queixar-nos, que é o alívio em<br />

que não tem a fortuna poder para dele despojar a um persegui<strong>do</strong> de seus<br />

rigores e mu<strong>da</strong>nças.<br />

Cap. IV.<br />

Em que Adriano continua o que sucedeu a Manfre<strong>do</strong> com o empera<strong>do</strong>r<br />

Constâncio

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