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o caso mateus ribeiro - Repositório Aberto da Universidade do Porto

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510 Padre Mateus Ribeiro<br />

espero. E pois com tanto zelo e cari<strong>da</strong>de tomastes à vossa conta<br />

encaminhardes a seu último fim meus engana<strong>do</strong>s desvelos, estimara que me<br />

fizésseis favor descreverdes e retratardes a Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Glória, para que com<br />

maior afecto meus desejos nela se ocupem e <strong>do</strong>s enganos desta miserável<br />

vi<strong>da</strong> se despi<strong>da</strong>m; que Deus nosso senhor vos pagará por mim esta<br />

consolação e alívio que de vós recebo.<br />

- Dificultoso empenho, senhor Rogério, me pedis (disse o Ermitão).<br />

Porque com o apóstolo São Paulo ser arrebata<strong>do</strong> ao terceiro Céu, diz que as<br />

cousas que lá viu e ouviu são total assunto <strong>da</strong> admiração e não <strong>da</strong> eloquência;<br />

nem é possível aos mortais explicarem os tesouros escondi<strong>do</strong>s que Deus tem<br />

reserva<strong>do</strong>s para seus escolhi<strong>do</strong>s, por ser assunto superior à capaci<strong>da</strong>de de<br />

to<strong>do</strong> o assunto, nem para perceber-se, nem para declarar-se. Mas, para que<br />

vosso desejo não fique desconsola<strong>do</strong> nesta petição que me fizestes, debuxarei<br />

um breve rascunho <strong>do</strong> que dizem os santos padres, descreven<strong>do</strong> em breve<br />

mapa a Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Glória como quan<strong>do</strong> os matemáticos em pouco espaço<br />

descrevem ou a grandeza <strong>da</strong> terra e mar, ou o superior movimento <strong>da</strong>s esferas<br />

celestes.<br />

Alegre e agradeci<strong>do</strong> se mostrou Rogério, Dionísio e Felizar<strong>do</strong> desejosos<br />

de ouvi-lo, e ele começou, dizen<strong>do</strong>:<br />

Cap. XIX.<br />

Em que se trata a Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Glória<br />

A Ci<strong>da</strong>de inestimável <strong>da</strong> Glória teve o princípio desde o princípio <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> Deus nosso senhor criou o céu e a terra, fun<strong>da</strong>n<strong>do</strong>-a seu<br />

infinito poder para mora<strong>da</strong> e habitação perpétua de seus escolhi<strong>do</strong>s.<br />

Aristóteles, falan<strong>do</strong> deste nome Ci<strong>da</strong>de, em a sua Política 493 , diz que é um<br />

ajuntamento de muitos ci<strong>da</strong>dãos que habitam em um lugar, debaixo <strong>da</strong><br />

obediência de um príncipe que os governa e a quem eles obedecem, em que o<br />

político governo consiste. A união e concórdia <strong>do</strong>s ci<strong>da</strong>dãos e mora<strong>do</strong>res diz o<br />

Arist., Polit. 3.

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